segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

CRASHDÏET – RUST [2019]

Por Daniel Benedetti
A banda sueca Crashdïet fez seu nome no que chamam de ‘sleaze metal’. Pense na sujeira do Hair Metal, oriundo dos anos 80, tingida com guitarras sujas e uma pitada de influência do chamado Sludge Metal. Vindos de Estocolmo, na Suécia, os caras do Crashdïet estão na ativa desde o início dos anos 2000. A banda é atualmente composta por Martin Sweet (guitarra), Peter London (baixo), Eric Young (bateria) e Gabriel Keyes (vocal), este último, fazendo sua estreia no conjunto.
O grupo lançou seu quinto álbum de estúdio, Rust, em 13 de setembro de 2019, através da Frontiers Records e com produção do próprio guitarrista Martin Sweet. Rust é o primeiro trabalho de estúdio do grupo desde The Savage Playground, de 2013, ainda com o vocalista Simon Cruz (que deixou a banda em 2015). A faixa-título, “Rust”, abre o disco com guitarras bem pesadas e muita intensidade, contando com bons vocais de Keyes. “Into the Wild” bebe nas ricas fontes do Metal oitentista e é uma verdadeira ‘porrada’, com a guitarra de Sweet sendo a protagonista. Em “Idiots”, o grupo convida o ouvinte a explorar o mundo ao nosso redor através de uma lente diferente e a criticar a consciência não apenas de nossa sociedade, mas de nós mesmos. “In The Maze” é uma balada competente e que foi escolhida como primeiro single do disco.
O Hard vigoroso está de volta em “We Are The Legion”, uma faixa com o refrão contagiante e um ritmo bem legal. “Crazy” continua com a mesma pegada, mas vai direto ao ponto, sem muita firula, apesar do refrão de gosto discutível. “Parasite” é um verdadeiro petardo, uma canção de grande potencial, com o espírito do Mötley Crüe, mas muito mais pesada. Apesar da tentativa de soar dramática e melancólica, “Waiting For Your Love” é outra balada, mas dispensável. Fortíssima candidata a melhor faixa do trabalho, “Reptile” possui o melhor riff de guitarra de Rust, flertando até mesmo com o Thrash Metal. “Stop Weirding Me Out” conta com um estilo que lembra o do Poison, mas com mais vigor e mais intensidade. Encerra o álbum a interessante “Filth & Flowers”, a qual mantém o pique elevado.
O Crashdïet obviamente não está reinventando a roda com seus empréstimos estilísticos da essência clássica do metal dos anos 80 que todos conhecem, mas a energia e o esforço que a banda coloca nele é o que faz seu diferencial. Desta forma, a pegada Glam Metal é incrementada com uma roupagem mais moderna, incorporando doses cavalares de peso e boa criatividade. Enfim, um bom disco, recomendado para fãs deste estilo.
Track list
1. Rust
2. Into The Wild
3. Idiots
4. In The Maze
5. We Are The Legion
6. Crazy
7. Parasite
8. Waiting For Your Love
9. Reptile
10. Stop Weirding Me Out
11. Filth & Flowers

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

TEXAS HIPPIE COALITION - HIGH IN THE SADDLE [2019]

Por Daniel Benedetti
Foi no ano de 2004 que, ao lado de John Exall, James Richard Anderson (mais conhecido como “Big Dad Ritch”) fundou a banda Texas Hippie Coalition, em Denison, Estado norte-americano do Texas.
Tendo como influências bandas do calibre de Molly Hatchet, Pantera e ZZ Top, Big Dad Ritch e o Texas Hippie Coalition se tornaram os fundadores de um (sub) gênero conhecido como ‘red dirt metal’.
Um parêntese: Red Dirt é um gênero musical que recebe esse nome por conta da cor do solo encontrado em Oklahoma. Stillwater, em Oklahoma, é considerado o centro da música de terra vermelha (Red Dirt), e muitos artistas começaram suas carreiras em bares ao redor da Universidade Estadual de Oklahoma; mas o gênero também se estende à música feita ao sul do Rio Vermelho (Red River), no Texas.
Waylon Jennings e Willie Nelson, lendas da música Country, foram associados ao distintivo Texas Sound, enquanto o falecido cantor e compositor de Oklahoma, Bob Childers, é amplamente reconhecido como o pai da música de Oklahoma: Red Dirt. Se por um bom tempo a distinção entre os dois gêneros sonoros era óbvia, por volta de 2008 essa lacuna havia severamente diminuído.
Retornando ao ponto, em pouco mais de 15 anos e diversas mudanças de formação, a Texas Hippie Coalition lançou cinco álbuns de estúdio: Pride of Texas (2008), Rollin’ (2010), Peacemaker (2012), Ride On (2014) e Dark Side of Black (2016), este último, atingiu a 2ª posição da parada ‘Top Heatseekers’ da Billboard.
High in the Saddle, sexto álbum da Texas Hippie Coalition, foi lançado em 31 de maio de 2019 e é o primeiro pelo selo Entertainment One. Bob Marlette (Ozzy Osbourne e Rob Zombie, entre outros) foi escolhido como produtor.
O álbum é aberto com “Moonshine”, uma faixa forte e baseada em um riff afiado e com a dose certa de peso. “Dirty Finger” põe mais poder na sonoridade, sendo um Hard Rock vigoroso, de refrão inspirado e ótimos vocais de Big Dad Ritch. A introdução de “Bring It Baby” pode até enganar o ouvinte, mas ele logo é colocado no meio de uma música pesada e intensa, especialmente nos refrãos.
“Ride Or Die” coloca brutalmente os pés no freio, sendo uma balada competente – no estilo daquelas que Zakk Wylde costuma fazer. O ótimo riff de “Tongue Like a Devil” tem aquele toque de Southern Rock, bem malicioso, mas sem abrir mão do peso. “Why Aren’t You Listening” é mais lenta e mais cadenciada, embora continue pesada e com ares de modernidade. “Stevie Nicks” é praticamente um ‘Blues Metal’ que presta homenagem à lenda do Fleetwood Mac.
“BullsEye” carrega ainda mais na influência Country, caprichando nas melodias e nos vocais de Big Dad Ritch. Muito groove e muito peso fazem de “Tell It from the Ground” uma verdadeira ‘porrada’, com a bateria bem proeminente e claras influências de Pantera. “Blue Lights On” encerra o disco com um tiro certeiro de Hard Rock, lembrando os bons momentos do Mötley Crüe.
Em suma, divertido é uma boa palavra para definir High in the Saddle. Sua sonoridade oscila em fortes influências de Southern Rock, toques melodiosos de Country e boas doses de um groove Hard/Heavy, os quais oferecem um ar de modernidade em uma musicalidade tradicional. “Moonshine”, “Why Aren’t You Listening”, “Stevie Nicks” e “Tell It from the Ground” são ótimas canções e já valem uma ouvida neste novo trabalho da  Texas Hippie Coalition.
Formação:
Big Dad Ritch – Vocal
Cord Pool – Guitarra
Nevada Romo – Guitarra
Larado Romo – Baixo
Devon Carothers – Bateria
Faixas:
1. Moonshine
2. Dirty Finger
3. Bring It Baby
4. Ride Or Die
5. Tongue Like A Devil
6. Why Aren’t You Listening
7. Stevie Nicks
8. BullsEye
9. Tell It From The Ground
10. Blue Lights On

HOLLOWSTAR - HOLLOWSTAR [2019]

Por Daniel Benedetti
A Hollowstar é uma banda britânica que foi formada em 2015, na cidade mercantil de St. Ives, pelo vocalista/baixista Joe Bonson, seu irmão Jack Bonson na bateria e pelos guitarristas Phil Haines e Tom Collett.
A Hollowstar passou seus primeiros anos em turnê, até mesmo em busca por aperfeiçoar seus talentos. Em 2017, ela lançou um EP chamado Some Things Matter que fez algum barulho, chamando a atenção para o grupo.
Os singles “All I Gotta Say” e “Let You Down” foram lançados em 2018 e tiveram destaque – especialmente na BBC Radio 2 – permitindo que o grupo excursionasse com a Graham Bonnet Band, do ex-vocalista do Rainbow e do Alcatrazz.
Em 3 de maio de 2019, a banda lançou seu álbum de estreia, Hollowstar. O disco foi produzido por Dan Lambert, no Valhalla Studios, no Reino Unido, masterizado por Peter Maher e é o resultado de quatro anos de trabalho incansável – turnê, composição e refinamento.
“Take it All” abre o disco com peso, intensidade e vocais típicos do baixista/vocalista Joe Bonson, além de um bom solo de guitarra em seu final. “Let You Down” é mais cadenciada, mas possui como destaque as guitarras gêmeas e a boa presença da seção rítmica formada pelos irmãos Bonson. “Invincible” segue a mesma pegada, mas flertando com uma sonoridade mais acessível, especialmente no refrão.
“Think of Me” põe o pé no freio, apostando mais na cadência e na força das guitarras, com a bateria de Jack Bonson fazendo a diferença. “Money” é um Hard Rock de riff inicial zeppeliniano e trabalho intenso das guitarras – e ótimos vocais de Joe. “All I Gotta Say” é uma porrada, com refrão pegajoso, baixo bem presente e o peso na dose exata – bem possivelmente a melhor faixa do disco. Já em “Good Man Gone”, a bateria de Jack volta a ser o ponto alto, por conta da agressividade.
O riff brutal de “Overrated” é marcante e traz mais uma música com pegada Hard Rock bem efervescente. A ótima “Down by the Water” bebe em fontes de bandas como o Soundgarden, aliando peso e melodia com categoria. “Sinner” encerra o álbum com uma pegada mais tradicional, um Hard Blues Rock, sem perder a criatividade, contando com vocais inspirados de Joe.
Promissora. Esta é a palavra que pode ser usada para definir a estreia da Hollowstar. A sonoridade mescla o tradicional Hard Rock, com inegável roupagem Bluesy, mas com sinceros ares de modernidade, contando, também, com a inquestionável influência alternativa de sua musicalidade.
Será um exercício curioso acompanhar a evolução do grupo.
Formação:
Joe Bonson – Vocal, Baixo
Phil Haines – Guitarra
Tom Collett – Guitarra
Jack Bonson – Bateria
Faixas:
  1. Take It All
  2. Let You Down
  3. Invincible
  4. Think Of Me
  5. Money
  6. All I Gotta Say
  7. Good Man Gone
  8. Overrated
  9. Down By The Water
  10. Sinner

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

DUEL - VALLEY OF SHADOWS [2019]

Por Daniel Benedetti
Valley of Shadows é o terceiro álbum de estúdio da banda norte-americana Duel, lançado em 17 de maio de 2019, através do selo Heavy Psych Sounds Records.
A Duel foi fundada em 2015, na cidade de Austin, no estado norte-americano do Texas. O guitarrista e vocalista Tom Frank e o baixista Shaun Avants faziam parte do ótimo grupo Scorpion Child, tendo, inclusive, gravado a grande e homônima estreia daquele conjunto, em 2013. No ano seguinte, Frank e Avants deixaram o Scorpion Child para formarem o Duel, logo na sequência.
Segundo a própria biografia da banda no Facebook, o Duel é um grupo “de metal pesado e psicodélico” e “imensamente influenciado pelos sons mais sombrios do Proto-metal do início dos anos 70”, definindo seu som como “brutalmente old school”. Também citam como influências bandas do calibre de Captain Beyond, Sabbath, Buffalo, Leafhound, Lucifer’s Friend, Dust, Pentagram, James Gang, Grand Funk, The Move, B.O.C., Humble Pie, Bang! e Thin Lizzy.
A estreia do grupo saiu em 2016, com Fears of the Dead, sendo seguida por Witchbanger (2017) e pelo ao vivo Live at the Electric Church, de 2018. Valley of Shadows chega para consolidar a ascensão do conjunto.
“Black Magic Summer” começa cadenciada, embora o riff pesadíssimo eleve todas as possibilidades da canção e a dose de melodia seja, também, generosa, em uma clara referência ao Thin Lizzy. “Red Moon Forming” é um Hard Rock formidável, contando com guitarras dobradas, solos delas inspirados e uma contagiante vibração. Novamente calcada em poderosos riffs de guitarra, a canção “Drifting Alone” aponta com um aspecto mais melancólico e um refrão com bom trabalho de backing vocals. “Strike and Disappear” é uma das melhores músicas do trabalho, quase ‘bipolar’ e não se pretende estragar a surpresa, apenas afirma-se: ouça-a até o fim!
“Broken Mirror” é um soco no estômago do ouvinte, flertando deliberadamente com o Thrash Metal através do seu riff inicial para, tão logo, desaguar em um Hard Rock desafiador e eficiente. Outro ótimo riff está na envolvente “Tyrant on the Throne”, a qual combina guitarras e vocais de maneira ainda mais simbiótica, causando um efeito ‘crescente’ no refrão. “I Feel No Pain” utiliza o manjado truque de oscilar entre peso e leveza, agressividade e sutileza, mas executado com a devida competência. O disco é encerrado com a fúria de “The Bleeding Heart”, outro Hard fundamentado no ótimo trabalho das guitarras.
A qualidade do som de Valley of Shadows pode ser mencionada como uma grande razão para este álbum ter uma abordagem tão boa. Fugindo da velha fórmula das bandas de Stoner, ou seja, uma produção que faz o som soar grotescamente sujo e desagradável, a fim de, artificialmente, simular a sensação orgânica do passado, o Duel usou um som limpo e com as partes instrumentais bem definidas (e orgânicas).
Em outros termos, a essência do trabalho ‘Stoner Metal’ de Valley of Shadows flui da própria música, não da produção sonora, e esse é um ponto extremamente positivo. Eles são ‘old school’ de várias maneiras, como mostra o número de músicas do álbum: apenas 8 músicas faixas muito boas.
O golpe melódico e poderoso de Valley of Shadows promove uma questão: até que ponto o grupo continuará e onde isso pode levá-lo ao longo do tempo? Porém, o disco parece o trabalho de uma banda que veio para ficar.
Formação:
Tom Frank – Guitarras, Vocal
Shaun Avants – Baixo, Vocal
Justin Collins – Bateria
Jeff Henson – Guitarras
Faixas:
  1. Black Magic Summer
  2. Red Moon Forming
  3. Drifting Alone
  4. Strike and Disappear
  5. Broken Mirror
  6. Tyrant on the Throne
  7. I Feel No Pain
  8. The Bleeding Heart

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Kenny Wayne Shepherd Band – The Traveler [2019]

Por Daniel Benedetti
The Traveler é o nono álbum de estúdio do artista norte-americano Kenny Wayne Shepherd. O álbum foi lançado em 31 de maio deste ano, através do selo Provogue Records, com a produção por conta de Marshall Altman e do próprio Kenny Wayne Shepherd.
O novo lançamento da Kenny Wayne Shepherd Band adotou um excelente nome de batismo, pois The Traveler realmente leva o ouvinte a uma viagem pela música do sul dos Estados Unidos. Kenny é conhecido por expandir o blues tradicional ao incluir elementos e melodias mais modernas e o novo disco continua essa evolução, trazendo muitos elementos do rock, do country e do soul.
“Woman Like You” abre o disco com um riff muito bom, com vocais excelentes de Noah Hunt, e Shepherd destroçando nos solos de guitarra. “Long Time Running” é mais Rock ‘n’ Roll, variando em passagens mais ou menos velozes, um bom refrão e outro solo muito bom de Kenny. “I Want You” possui uma sonoridade mais padrão bluesy, ecoando como o lendário Stevie Ray Vaughan – além de metais muito presentes.
Shepherd em ação!
“Tailwind” é uma bela canção, com muitos ares de Southern Rock e vibração Country, tornando-a uma composição sensível. Shepherd retorna aos vocais na melancólica “Gravity” enquanto ele e Noah se revezam ao cantar em “We All Alright”, uma música ainda mais Country, mesmo sem abandonar o Rock. A boa “Take It On Home” é bastante acessível, trazendo Kenny fazendo vocais muito bons!
Os metais estão novamente em evidência na saborosa versão para “Mr. Soul”, do Buffalo Springfield. A guitarra de Shepherd é ainda mais protagonista na divertida “Better With Time”, com pequenos solos que ‘cortam’ a faixa. Encerra o álbum outro cover, desta feita para “Turn to Stone”, de Joe Walsh, um Hard Blues Rock incrível, com doses exatas de peso e de melodia.
O disco atingiu o topo da parada de Blues da Billboard, ficando com 103ª posição da principal parada norte-americana e com a 94ª colocação na correspondente britânica.
The Traveler é um trabalho muito bom, que tem o Rock (e o Blues) como base, mas que navega por diferentes influências, tornando-o criativo e de muito fácil audição. Tudo é feito com muito bom gosto e doses generosas de capricho. Em suma, um álbum muito bem recomendado.
Formação
Kenny Wayne Shepherd Band:
Kenny Wayne Shepherd – Guitarra, Vocal,
Noah Hunt – Vocal
Chris Layton – Bateria
Kevin McCormick – Baixo
Jimmy McGorman – Teclado
Joe Krown – Teclados
Músicos Adicionais:
Marshall Altman – Percussão
Joe Sublett – Saxofone
Mark Pender – Trompete
Faixas
  1. Woman Like You
  2. Long Time Running
  3. I Want You
  4. Tailwind
  5. Gravity
  6. We All Alright
  7. Take It On Home
  8. Mr. Soul
  9. Better With Time
  10. Turn To Stone
Kenny Wayne Shepherd

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

The Fallen State - A Deadset Endeavour [2019]

Por Daniel Benedetti
The Fallen State é uma banda britânica de rock, oriunda de Barnstaple, em Devon. Sendo efetiva no cenário musical de Devon, a banda surgiu sob o nome de The Fallen State em 2013, após o rompimento dos conjuntos locais Tequila Rockingbird e Load, Click, Shoot.
A atual formação é composta por Ben Stenning (vocal), Jon Price (guitarra-solo), Dan Oke (guitarra-base), Greg Butler (baixo) e Rich Walker (bateria).
A The Fallen State havia lançado cinco EPs até o momento: The Fallen State (2014), Two (2014), Three (2014), Crown Your Shadows (2016) e The View From Ruin (2017). Agora, o grupo apresenta A Deadset Endeavour, seu álbum de estreia, gravado pela Red City Recordings e produzido por David Radahd-Jones, lançado em abril de 2019.
“Statements” abre o álbum com uma melodia suave, mas que vai ganhando peso com seu desenrolar, especialmente no refrão. “For My Sorrow” tem na seção rítmica seu ponto forte, seja pela bateria Rich Walker, seja pelo baixo pulsante de Greg Butler, além de um refrão ‘pegajoso’ – no melhor sentido. Os guitarristas Dan Oke e Jon Price comandam a interessante “American Made”, com riffs poderosos, em uma faixa que intercala momentos mais e menos velozes, mas todos certamente intensos.
“Paradox” faz jus ao seu nome, envolvendo o ouvinte em um mix de suavidade e fúria, contando com riffs mais elaborados. “Torn” é uma canção mais pesada, com as guitarras afiadas e bem intensas, uma verdadeira porrada. A bateria sólida de Walker dita o ritmo da emocional “Can’t Fight the Feeling”, a qual se demonstra através de vocais angustiantes de Ben Stenning. “Open Wound” é mais melódica, embora também intensa, e um refrão AOR a torna ainda mais acessível.
Os ótimos riffs de guitarra se encontram perfeitamente com o baixo ressonante de Butler na poderosa “Attitude”, um Hard vigoroso de refrão ‘meloso’. “Lovers & Psychos” segue com a pegada AOR em flerte com a modernidade. “Fragments” encerra o disco com uma balada bem cadenciada, de refrão forte e ótimos vocais de Stenning.
Embora não seja um trabalho conceitual, há um tema forte percorrendo este álbum, sobre tentar construí-lo dentro da indústria da música, e, de uma perspectiva pessoal e emocional, isto seria um “esforço sem saída” (ou seja, A Deadset Endeavour).
A Deadset Endeavour é um álbum de Rock, contando com boas doses de peso, mas sem abrir mão da melodia e de toques de modernidade. Uma estreia promissora para o The Fallen State.
The Fallen State:
Ben Stenning – Vocal
Jon Price – Guitarra-solo
Dan Oke – Guitarra-base
Greg Butler – Baixo
Rich Walker – Bateria
Faixas:
  1. Statements
  2. For My Sorrow
  3. American Made
  4. Paradox
  5. Torn
  6. Can’t Fight The Feeling
  7. Open Wound
  8. Attitude
  9. Lovers & Psychos
  10. Fragments

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Frank Carter & The Rattlesnakes - End of Suffering [2019]

Por Daniel Benedetti
Frank Carter & The Rattlesnakes é uma banda inglesa de rock, formada em 2015, pelo ex-vocalista do Gallows e do Pure Love, Frank Carter.
O grupo lançou um EP, em maio de 2015, chamado Rotten, e seu álbum de estreia Blossom, em agosto daquele mesmo ano. O segundo álbum de estúdio, intitulado Modern Ruin, seria lançado em janeiro de 2017. Tanto Blossom quanto Modern Ruin tiveram bons impactos em termos da principal parada britânica de discos.
O terceiro álbum de estúdio do conjunto, denominado End of Suffering, foi lançado em 3 de maio de 2019, pelo selo International Death Cult e com produção de Cam Blackwood.
O disco é aberto com “Why a Butterfly Can’t Love a Spider”, um rock cadenciado e atmosférico e que conta com ótimos vocais de Carter. A pesada “Tyrant Lizard King” possui uma pegada mais alternativa, com suas possibilidades ainda aumentadas pela participação especial do ótimo guitarrista Tom Morello. “Heartbreaker” tem a seção rítmica flertando com o punk rock em diferentes momentos e um refrão bem pegajoso, no melhor sentido do termo. O baixo, de Tom ‘Tank’ Barclay, é o elemento mais distintivo em “Crowbar”, sendo responsável pelo bem-vindo groove da composição.
A guitarra de Dean Richardson está mais pesada e mais distorcida em “Love Games” e os vocais de Carter se encaixam muito bem com a sonoridade mais cadenciada da canção. “Anxiety” é mais calma e contemplativa, demonstrando uma melodia mais simples, mesmo assim, envolvente. “Angel Wings” se apresenta com vocais mais sutis de Carter, quase como uma declamação, mas, simultaneamente, com um aspecto sombrio. Esta característica soturna continua muito significativa no início de “Supervillain”, mas que se deságua em um rock simples.
“Latex Dreams” possui uma batida curiosa e a guitarra de Richardson mais afiada, fato que a torna mais interessante. Já em “Kitty Sucker”, a influência Punk Rock é bem mais explícita. Há um ar modernoso, embora criativo, em “Little Devil”, com a guitarra caprichando na distorção, especialmente no refrão. Para encerrar o trabalho, a faixa-título, “End of Suffering”, uma música de atmosfera melancólica, com um piano triste e abafado, além das vozes da filha de Carter.
Liricamente, embora não seja conceitual, muitas das canções possuem uma temática existencial, mais com perguntas que respostas, especialmente em faixas como “Love Games”, “Anxiety” e “End of Suffering”.
O disco End of Suffering atingiu a ótima 4ª posição da principal parada britânica desta natureza. Fãs dos trabalhos anteriores de Carter não devem ouvi-lo procurando a sonoridade do Gallows, a pegada aqui é outra: mais voltada ao alternativo, ainda que também no Rock. No entanto, é um álbum denso, mas com uma inegável atmosfera de iluminação.
Formação:
Frank Carter & the Ratllesnakes
Frank Carter – vocal
Dean Richardson – guitarras
Tom ‘Tank’ Barclay – baixo
Gareth Grover – bateria
Músico Convidado:
Tom Morello – guitarra em “Tyrant Lizard King”
Faixas:
  1. Why a Butterfly Can’t Love a Spider
  2. Tyrant Lizard King
  3. Heartbreaker
  4. Crowbar
  5. Love Games
  6. Anxiety
  7. Angel Wings
  8. Supervillain
  9. Latex Dreams
  10. Kitty Sucker
  11. Little Devil
  12. End of Suffering

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Discografias Comentadas - Motörhead (Parte3)

Por Daniel Benedetti
Prezados leitores, esta é a terceira e última parte da Discografia Comentada do Motörhead, analisando os últimos trabalhos de estúdio da banda até o seu derradeiro momento, com a morte de Lemmy.
Com a mesma formação (Kilmister, Campbell e Dee), a banda se juntou ao Judas Priest no Los Angeles Universal Amphitheatre, em 3 de abril de 1998, para começar sua turnê Snake Bite Love. Em 21 de maio, o Motörhead foi gravado no The Docks, em Hamburgo e as faixas desta performance foram lançadas mais tarde como Everything Louder Than Everyone Else. O grupo foi convidado para participar do Ozzfest Tour e tocou em todos os Estados Unidos durante o início de julho até o início de agosto; e esteve na Europa do início de outubro até o final de novembro.
Em 1999, o Motörhead fez uma turnê entre 20 de abril e 2 de junho, antes de ir para o Karo Studios em Brackel, na Alemanha, para gravar seu próximo álbum, We Are Motörhead, que seria lançado no ano seguinte. Durante o tempo em que as sessões do álbum aconteciam, a banda tocou em locais da Europa, o primeiro deles no Fila Forum, em Assago, perto de Milão, onde James Hetfield, do Metallica, juntou-se à banda em “Overkill”.
Em outubro e início de novembro de 1999, o conjunto fez uma turnê com o Nashville Pussy. Durante o resto de novembro, a banda realizou sua turnê europeia ‘Monsters of the Millennium’ com Manowar, Dio e Lion’s Share, terminando-a com dois shows no London Astoria.

We Are Motörhead [2000]
We Are Motörhead foi gravado entre junho e agosto de 1999, no Karo Studios, na Alemanha e finalizado no estúdio American Recorders, na Califórnia, entre dezembro e março do ano seguinte. A produção ficou por conta da própria banda, juntamente aos produtores Bob Kulick, Bruce Bouillet e Duane Baron. O disco foi lançado em 15 de maio de 2000 pelo selo Steamhammer. O álbum é aberto com “See Me Burning”, uma composição violenta e agressiva, quase um Thrash Metal. “Slow Dance” é mais cadenciada e se demonstra com um certo balanço, mas sem abrir mão do peso, muito graças a um bom riff de Campbell. Já em “Stay Out of Jail”, a sonoridade única do conjunto é reencontrada, portanto, trata-se de uma canção rápida, pesada e extremamente direta. A banda apresenta uma divertida e competente versão para “God Save the Queen”, do Sex Pistols. “Out to Lunch” resgata o tradicional Motörhead, em mais um petardo direto ao ponto. “Wake the Dead” é a típica faixa mais lenta e ultrapesada do grupo, com vocais mais contidos de Lemmy e ótimo trabalho do baterista Mikkey Dee. “One More Fucking Time” é uma boa balada da banda, com forte influência bluesy e grande atuação de Campbell nas guitarras. “Stagefright/Crash & Burn” é uma música intensa e feroz, com destaque para o solo de Campbell, enquanto “(Wearing Your) Heart on Your Sleeve” é mais cadenciada, mas, simultaneamente, densa e pesada. “We Are Motörhead” é uma porrada que remete aos tempos de Overkill e Bömber. “God Save the Queen” e “We Are Motörhead” foram os singles lançados para a promoção do disco, com a primeira atingindo a 93ª colocação da principal parada britânica desta natureza. O álbum atingiu a 91ª posição da principal parada britânica, conquistando o 21º lugar na parada alemã. Se não é brilhante, We Are Motörhead é bastante consistente e um trabalho altamente digno dentro da discografia da banda.
Em maio de 2000, o lançamento de We Are Motörhead e o single dele, um cover de “God Save the Queen”, do Sex Pistols, coincidiram com o início da turnê ‘We Are Motörhead’ na América do Sul em maio e junho, com mais nove shows na Europa em julho. Shows nos Estados Unidos e na França foram seguidos pelo lançamento de uma coletânea dupla, The Best Of, em 26 de agosto. Quatro datas no Japão precederam o show de 25 anos da banda, no dia 22 de outubro, na Brixton Academy, em Londres, onde participações especiais foram feitas por Eddie Clarke, Brian May, Doro Pesch, Whitfield Crane, Ace, Paul Inder e Todd Campbell. O show também contou com o retorno do equipamento de iluminação de Bömber. O evento foi filmado e lançado, no ano seguinte, como o DVD 25 & Alive Boneshaker, e o CD do show, Live at Brixton Academy, foi lançado dois anos depois disso.
A banda em 2000.
Entre junho e agosto de 2001, o Motörhead tocou em vários festivais de rock na Europa; incluindo o Graspop Metal Meeting na Bélgica, o Quart Festival na Noruega e o Wacken Open Air, em 4 de agosto, onde quatro músicas foram gravadas para o DVD 25 & Alive Boneshaker. A banda retornou aos Estados Unidos para uma turnê de sete shows entre o final de setembro e início de outubro daquele ano. Em abril de 2002, um DVD, com algumas das performances do Motörhead nos anos 1970 e 1980, juntamente a algumas imagens da banda, foi lançado como The Best of Motörhead. Duas semanas antes, o álbum Hammered foi lançado e apoiado pela turnê homônima, que começou nos Estados Unidos, na mesma época.

Hammered [2002]
Gravado durante o ano de 2001, nos estúdios Henson Studios e Chuck Reed’s House, ambos nos Estados Unidos, Lemmy afirma que a composição do disco foi diretamente influenciada pelo 11 de setembro e suas consequências naquele país. A produção ficou a cargo de Thom Panunzio e do próprio Motörhead. Hammered foi lançado em 9 de abril de 2002 e foi o primeiro trabalho do grupo a ser distribuído na América do Norte pela Sanctuary Records e sua subsidiária Metal-Is. No resto do mundo, a Steamhammer continuou responsável. “Walk a Crooked Mile” abre o trabalho com um flerte com o Hard Rock e, portanto, é mais cadenciada e não tão pesada, contando com bons vocais de Lemmy. “Down the Line” segue a pegada de sua antecessora, optando por mais cadência e menos fúria enquanto “Brave New World” já é uma faixa que segue a cartilha universal do conjunto. “Voices from the War” é um ótimo Heavy Metal padrão, graças a um riff muito inspirado de Campbell, ao mesmo tempo em que “Mine All Mine” se apresenta como um Heavy Rock bem malicioso e muito melódico. “Shut Your Mouth” também conta com um andamento mais cadenciado e certa malemolência enquanto “Kill the World” conta com um peso absurdo e guitarras bem afiadas. “Dr. Love” flerta mais abertamente com o Boogie Rock e é bem divertida contrapondo-se à pesadíssima “No Remorse”, a qual se encontra em um misto de vocais distorcidos e guitarras furiosas. “Red Raw” é veloz, pesada e muito dinâmica, com Lemmy berrando as letras no refrão. “Serial Killer” é uma declamação, com pouco mais de 1 minuto. Hammered ficou com o 113º lugar da principal parada britânica, mas conquistou as 18ª e 34ª posições nas paradas de Suécia e Finlândia, respectivamente. Enfim, Hammered sofre por ser um disco irregular, pois mistura faixas poderosas como “Voices from the War” e outras pouco inspiradas como “Red Raw”.
Em abril e maio de 2003, a banda continuou a promover o álbum Hammered nos Estados Unidos, e nas três datas em que Phil Campbell teve que se ausentar, pois sua mãe havia falecido, Todd Youth tocou por ele. Entre o final de maio e meados de julho, a banda cumpriu sete datas nos Festivais de Verão na Europa e do final de julho até o final de agosto, eles estavam em turnê pelos Estados Unidos, com o Iron Maiden e o Dio.
Lemmy em 2002.
Em 7 de outubro, uma coleção abrangente de cinco discos das gravações da banda, cobrindo o período entre 1975 e 2002, foi lançada como Stone Deaf Forever!. Em 1º de setembro de 2003, a banda retornou ao clube Whisky A Go-Go, em Hollywood, para a Hollywood Rock Walk of Fame Induction. Em 9 de dezembro, o álbum gravado anteriormente, Live at Brixton Academy, foi lançado. O Motörhead realizou um concerto somente para convidados no Royal Opera House em Covent Garden, Londres, em 22 de fevereiro de 2004; em festivais na América do Sul em maio; e na Europa durante junho, julho e agosto. O conjunto já havia passado algum tempo no estúdio, trabalhando em Inferno, que seria lançado no dia 22 de junho.

Inferno [2004] 
Inferno foi lançado em 22 de junho de 2004 pela Steamhammer Records. As gravações aconteceram naquele mesmo ano nos NRG Studios, Paramount Studios e Maple Studios nos Estados Unidos. Cameron Webb foi o produtor. A porrada “Terminal Show” abre o disco, sendo uma das melhores composições ‘mais recentes’ do grupo. “Killers” continua com o ritmo frenético, em uma roupagem mais Hard Rock, com ótimo desempenho de Campbell. “In the Name of Tragedy” é brutal e Mikkey Dee se destaca enquanto “Suicide” soa como um Blues Metal, cadenciado, mas extremamente pesado. “Life’s a Bitch” é rápida e violenta, entretanto, flerta levemente com o Rockabilly ao mesmo tempo em que “Down on Me” mantém esta mesma musicalidade. “In the Black” é Heavy Metal até os limites, apostando em um riff inspirado de Campbell, e “Fight” acelera ainda mais, tornando-se um Thrash Metal visceral. A curiosa “In the Year of the Wolf” possui um ritmo mais malemolente enquanto “Keys to the Kingdom” tem um andamento mais lento, conquanto, ambas, sejam muito pesadas. “Smiling Like a Killer” contém influências de Ramones e “Whorehouse Blues” encerra o trabalho em um fantástico Blues acústico, com Lemmy inspirado na gaita. Inferno acabou atingindo a 95ª posição da principal parada britânica, embora tenha conquistado a 10ª colocação de sua correspondente germânica. Em suma, Inferno pode parecer até longo para os padrões do Motörhead, mas é um álbum consistente e com ótimas canções.
Uma longa turnê com o Sepultura aconteceu em 2004, com um show no dia 4 de dezembro, em que o Motörhead se juntou ao Sepultura no palco, tocando a música “Orgasmatron”, em comemoração ao 20º aniversário do conjunto brasileiro.
Show em 2004
O Motörhead ganhou seu primeiro Grammy, na premiação de 2005, na categoria Melhor Performance de Metal por seu cover de “Whiplash”, do Metallica, presente no disco Metallic Attack: The Ultimate Tribute. Em 20 de setembro de 2005, uma compilação contendo as aparições da banda na BBC Radio 1 e uma gravação de um show no Paris Theatre, em Londres, foi lançada como BBC Live & In-Session.

Kiss of Death [2006]
Mais uma vez pelo selo Steamhammer, o Motörhead, em 29 de agosto de 2006, lançou Kiss of Death, oficialmente, seu 18º álbum de estúdio. O disco foi gravado nos Estados Unidos, nos estúdios Paramount Studios, NRG Studios e Maple Studios, com produção de Cameron Webb, também em 2006. “Sucker” é a típica faixa furiosa do Motörhead, abrindo o disco com intensidade e agressividade. “One Night Stand” é mais cadenciada e mais próxima de uma musicalidade Hard, com ótimo trabalho de Dee, e assim também é “Devil I Know”, a qual apresenta um riff inspirado de Campbell. “Trigger” é pesada e rápida, seguindo a cartilha do grupo. “Under the Gun” conta com muito peso e muito groove, graças à participação especial de Mike Inez, baixista do Alice in Chains. “God Was Never on Your Side” é uma ‘power ballad’, a qual conta com participações do guitarrista C. C. DeVille (Poison) e do cantor Zoltán ‘Zoli’ Téglás. “Living in the Past” é um Heavy Metal tradicional, novamente com muito groove, e vocais inspirados de Lemmy em contraponto à maliciosa e roqueira “Christine”. “Sword of Glory” é mais uma canção muito veloz e com ótima presença de Dee, bem como “Be My Baby”, esta, mais cadenciada, e acelerada apenas no refrão. “Kingdom of the Worm” flerta com vertentes mais extremas do Metal, ou seja, demonstra-se com um peso absurdo e, finalmente, “Going Down” finaliza o disco em referência à fase clássica do conjunto. “Kingdom of the Worm” foi a escolhida como single, mas não causou maiores sucessos. Kiss of Death atingiu a 45ª posição da principal parada britânica de discos, conquistando o 4º e o 9º lugares nas correspondentes alemã e norueguesa, respectivamente. Por fim, pode-se afirmar que Kiss of Death mantém a fase consistente no que diz respeito à qualidade dos álbuns lançados pelo grupo nos anos 2000.
Em novembro de 2006, a banda concordou com um patrocínio com o time de futebol americano, categoria sub-10, Greenbank B, de North Hykeham, em Lincoln, colocando o nome da banda, bem como o War-Pig nas camisas do time. Lemmy era um velho amigo de Gary Weight, o gerente da equipe. Em 26 de fevereiro de 2008, No Sleep ‘till Hammersmith foi reeditado novamente como um CD duplo.
A banda em 2006

Motörizer [2008]
Motörizer foi lançado pela Steamhammer em 26 de agosto de 2008, com as gravações ocorrendo entre o final de 2007 e o início do ano seguinte, em Los Angeles, nos estúdios chamados Studio 606 e Sage & Sound, com o produtor Cameron Webb. O brasão da arte da capa é uma obra de Mark De Vito. “Runaround Man” é uma verdadeira porrada no queixo do ouvinte, extremamente pesada e repleta de intensidade. Um Hard Blues Rock de primeira linha é “Teach You How to Sing the Blues” enquanto “When the Eagle Screams” é um Heavy Metal tradicional mais cadenciado. “Rock Out” é uma canção com a identidade musical da banda em paralelo com “One Short Life”, uma música com muito groove e peso, e um andamento mais lento. Mais uma real paulada do Motörhead está em “Buried Alive”, uma composição em que Mikkey Dee está impecável, e “English Rose” possui mais swing e malemolência, um Hard/Heavy classudo. “Back on the Chain” é criativa e chega a lembrar a musicalidade do Queens of the Stone Age enquanto “Heroes” é mais lenta e menos intensa, mas sem abrir mão de ser pesada. Novamente, o grupo aposta em uma música pesada, rápida e direta com “Time Is Right”, com um bom refrão. A derradeira faixa do disco é “The Thousand Names of God”, soando bem roqueira e com a participação de Wesley Mishener na slide guitar. “Rock Out” foi o single, o qual não repercutiu nas paradas de sucesso. Motörizer ficou com a 32ª posição na principal parada britânica de discos, conquistando a 82ª colocação na correspondente norte-americana, a Billboard 200, ainda abocanhando o 5º e o 9º lugares nas paradas de Alemanha e Finlândia, respectivamente. Portanto, a boa repercussão de Motörizer reflete sua qualidade e o bom momento vivido pelo conjunto.
Entre 6 e 31 de Agosto de 2008, o Motörhead juntou-se ao Judas Priest, Heaven & Hell e Testament na Metal Masters Tour. Em 6 de março de 2009, a banda tocou no Oriente Médio pela primeira vez, no anual Dubai Desert Rock Festival. Naquele ano, no mês de setembro, o baterista Matt Sorum substituiu Mikkey Dee apenas em uma turnê pelos EUA.
Motörhead em 2008
Em uma entrevista, em novembro de 2009, Lemmy disse que o Motörhead entraria no estúdio, em fevereiro de 2010, para ‘ensaiar, escrever e gravar’ seu 20º álbum de estúdio, que seria lançado no final do ano. Em julho de 2010, o baterista Mikkey Dee anunciou que o álbum estava pronto, “com 11 faixas” (na realidade, 10) e que seu nome era The Wörld Is Yours. Em 3 de novembro de 2010, a Future plc, uma empresa de mídia do Reino Unido, anunciou que o Motörhead lançaria The Wörld is Yours através de um contrato exclusivo de publicação com a revista Classic Rock, em 14 de dezembro de 2010. O lançamento padrão do CD de The Wörld is Yours estaria à venda em 17 de janeiro de 2011, através da própria gravadora do Motörhead, a Motörhead Music.

The Wörld is Yours [2010]
Através de seu próprio selo, Motörhead Music (ligado à EMI), o Motörhead lançou primeiramente The Wörld Is Yours em 14 de dezembro de 2010, com produção de Cameron Webb e com as gravações ocorrendo na Califórnia. O trabalho é aberto com a inspirada “Born to Lose”, a qual é embalada por um ótimo riff de Campbell, assim como é a veloz “I Know How to Die”, em mais um bom momento do guitarrista Phil. “Get Back in Line” é uma amostra de que Phil Campbell estava afiado neste álbum, também trazendo um ar Hard Rock à bolacha, como em “Devils in My Head”. “Rock ‘n’ Roll Music” faz jus ao seu nome, com boas doses de malícia, em uma roupagem boogie. A velocidade direta do Motörhead é referenciada em “Waiting for the Snake” enquanto o groove e um certo ar de modernidade são os apontamentos na interessante “Brotherhood of Man”. Mikkey Dee é quem dá as cartas em “Outlaw” e a rapidez alucinada retorna em “I Know What You Need”. Para encerrar o disco, a velha veia Rockabilly de Lemmy aparece em “Bye Bye Bitch Bye Bye”, muito divertida e empolgante. “Get Back in Line” e “I Know How to Die” foram os singles, novamente sem nenhuma repercussão. The Wörld Is Yours atingiu a 45ª colocação na principal parada britânica, ficando com a 94ª posição em sua correspondente norte-americana. Em síntese, The Wörld Is Yours é um bom álbum, mesmo que levemente inferior a seu antecessor, mas mantendo o nível do grupo.
Para coincidir com o lançamento do álbum, o Motörhead embarcou em uma turnê do 35º aniversário do conjunto, pelo Reino Unido, de 8 a 28 de novembro de 2010. Eles também viajaram para as Américas, em 2011. Em outubro de 2011, a banda gravou uma versão blues e lenta de seu hit de longa data “Ace of Spades”, para um comercial de cerveja. Em 2 de março de 2011, o Motörhead se apresentou no programa Late Night com Jimmy Fallon. Em 9 de julho de 2011, o ex-guitarrista Würzel morreu vítima de um ataque cardíaco. Em comemoração aos seus 35 anos de turnê, no final de 2011, a banda lançou o DVD ao vivo The Wörld Is Ours – Vol 1 – Everywhere Further Than Everyplace, incluindo apresentações no O2 Apollo Manchester, no Best Buy Theatre, Nova York e no Teatro Caupolicán, em Santiago do Chile. Em 12 de janeiro de 2012, foi anunciado que o Motörhead estaria em turnê pelos EUA e pelo Canadá, no início de 2012, juntamente a três outras bandas de metal: Megadeth, Volbeat e Lacuna Coil.
Rock in Rio, em 2011
A Gigantour ocorreu de 26 de janeiro a 28 de fevereiro de 2012, mas o Motörhead perdeu os quatro shows finais porque Lemmy teve uma combinação de infecção viral respiratória e esforço vocal, resultando em uma laringite grave. O Motörhead lançou o DVD ao vivo The Wörld Is Ours – Vol. 2 – Anyplace Crazy Anywhere Else, em setembro de 2012. Em 23 de outubro de 2012, Lemmy disse à Billboard.com que a banda planejava entrar no estúdio, em janeiro, para gravar um álbum para possível lançamento em meados de 2013.

Aftershock [2013]
Aftershock foi gravado durante o ano de 2013 nos estúdios NRG Studios, Sound Factory & Sunset Sound e no Maple Studios, com produção novamente de Cameron Webb. O primeiro lançamento oficial aconteceu em 18 de outubro de 2013, pelo selo Motörhead Music. O 21º álbum oficial de estúdio do Motörhead seguiria a cartilha criada pela própria banda, sem muitas inovações. O álbum é aberto com a porrada “Heartbreaker”, faixa típica do conjunto, mas bastante inspirada e dinâmica. “Coup de Grace” apresenta um grande riff inicial de Campbell, “Lost Woman Blues” é um lindíssimo Hard Blues Rock e “End of Time” é matadora, flertando com o Thrash Metal. “Do You Believe” possui o inegável toque Rockabilly da banda, “Death Machine” mantém o peso, embora mais cadenciada, e “Dust and Glass” é intimista, um Blues competentíssimo, com toques de Stevie Ray Vaughan. “Going to Mexico” é uma brincadeira com outra canção do conjunto (“Going to Brazil”, de 1916), “Silence When You Speak to Me” é cadenciada e criativa e a excelente “Crying Shame” é um Hard Rock bem malemolente e swingada. “Queen of the Damned” é mais uma típica música da banda, “Knife” é um Hard Rock bem direto e “Keep Your Powder Dry” contagia pela ótima melodia. “Paralyzed” encerra o disco com mais uma pancada com o selo Motörhead de qualidade. “Crying Shame” foi a escolhida como single, sem maiores repercussões. Aftershock atingiu a ótima 22ª posição da principal parada norte-americana, alcançando a 110ª colocação da correspondente britânica. Certamente, Aftershock é um dos melhores álbuns pós-2000 do Motörhead.
Em meados de novembro de 2013, a vida pouco regrada de Lemmy Kilmister começava a cobrar o seu preço. O Motörhead deveria embarcar em uma turnê europeia ao lado do Saxon, seguida por uma turnê na Alemanha e na Escandinávia com duração até meados de dezembro de 2013, mas as datas foram adiadas e remarcadas para fevereiro e março de 2014, devido a problemas de saúde de Lemmy.
Lemmy em 2014
No entanto, em janeiro de 2014, o Motörhead anunciou o cancelamento das novas datas de fevereiro e março de sua turnê, uma vez que Lemmy ainda estava em plena recuperação devido a problemas de saúde relacionados ao diabetes. Em uma entrevista, em setembro de 2014, Lemmy afirmou que o Motörhead ‘provavelmente’ entraria no estúdio, em janeiro de 2015, para começar a trabalhar em seu 22º álbum de estúdio para uma tentativa de lançamento no final de 2015.

Bad Magic [2015]
Bad Magic foi gravado durante o ano de 2015, no NRG Studio e no Maple Studios, ambos nos Estados Unidos, sendo lançado em 28 de agosto daquele ano, pelo selo Motörhead Music. Cameron Webb foi, mais uma vez, o produtor, deste que seria o último álbum de estúdio da banda. “Victory or Die” começa o trabalho com a intensidade natural do grupo, ainda mais elevada na pancadaria total chamada “Thunder & Lightning”. Já “Fire Storm Hotel” aposta em um Hard bem malicioso e safado, Mikkey Dee faz um competente trabalho em “Shoot Out All of Your Lights” e Brian May (do Queen) faz uma participação na pesadíssima “The Devil”. “Electricity” é rápida mas com um toque boogie, “Evil Eye” segue com esta mesma pegada da faixa anterior, bem como a efervescente “Teach Them How to Bleed”. O disco tem um momento de respiro na contida “Till the End” para, logo depois, voltar à quebradeira com “Tell Me Who to Kill” e continuar pesado em “Choking on Your Screams”, esta, com um bem-vindo toque de modernidade. “When the Sky Comes Looking for You” é veloz e bem agressiva enquanto o cover para “Sympathy for the Devil”, dos Stones, fecha o disco com estilo. “Thunder & Lightning” foi escolhida como single, também sem maiores resultados em termos de paradas de sucesso. Bad Magic conquistou a 35ª colocação da principal parada norte-americana e a 10ª posição de sua correspondente britânica, ainda ficando com os 1º lugares das paradas de Áustria, Finlândia e Alemanha. Bad Magic é um álbum bem rápido e muito pesado, respeitando todo o legado do Motörhead.
Em 27 de maio de 2015, a banda lançou teasers em sua página no Facebook com o número romano ‘XXXX’. Em 4 de junho o novo álbum (que seria o último deles) Bad Magic foi lançado para pré-encomenda na Amazon, revelando seu título e capa que também mostrava o ‘XXXX’, coincidindo com o 40º aniversário da banda. O grupo se apresentou no Glastonbury Festival, no Reino Unido, em junho de 2015. Seu último show naquele país foi no Eden Project, em 27 de junho de 2015. Enquanto excursionava como a “40th anniversary Tour”, o Motörhead teve que interromper seu show em Salt Lake City, em 27 de agosto de 2015, devido a problemas respiratórios de Lemmy (como resultado de uma doença de altitude). A turnê foi retomada em 1º de setembro de 2015, no Emo’s, em Austin, Texas, mas o grupo foi novamente forçado a abandonar seu set depois de três canções e a cancelar os shows subsequentes.
Motörboat, em 2015
Apesar de seus contínuos problemas de saúde forçar o Motörhead a interromper ou cancelar vários shows nos Estados Unidos, Lemmy Kilmister conseguiu voltar a tempo para o cruzeiro anual (Motörboat), de Miami para as Bahamas, de 28 de setembro a 2 de outubro de 2015, incluindo apresentações de bandas como Slayer, Anthrax, Exodus, Suicidal Tendencies e Corrosion of Conformity. Para esta ocasião, o Motörhead apresentou ao vivo dois sets (idênticos), completos, em 30 de setembro e 1 de outubro de 2015. O Motörhead continuou a “40th Anniversary Tour” na Europa, em novembro e dezembro. O grupo fez shows na Alemanha, Suécia, Noruega e Finlândia. Seu último show foi em Berlim, Alemanha, em 11 de dezembro de 2015.
Em 28 de dezembro de 2015, Lemmy faleceu, quatro dias depois de celebrar seu 70º aniversário. Ele foi o segundo membro do Motörhead a morrer em 2015, após Phil Taylor no mês anterior. Uma autópsia em Kilmister mostrou que as causas da morte eram câncer de próstata, arritmia cardíaca e insuficiência cardíaca congestiva. ‘Fast’ Eddie Clarke morreu em 10 de janeiro de 2018, após uma batalha contra a pneumonia, aos 67 anos, fazendo dele o último membro da formação clássica da banda a morrer.
Lemmy
O legado deixado por Lemmy e o Motörhead são imensuráveis. Ao final da década de 1970, nenhuma banda tocava tão rápido e tão alto como ela e, desta maneira, influenciariam uma gama gigantesca de grupos que surgiriam nas décadas seguintes. Se o Motörhead não criou o Speed e o Thrash Metal, ele certamente foi sua influência mais decisiva. Oficialmente, a discografia do Motörhead tem 22 álbuns de estúdio, 13 álbuns ao vivo, 14 coletâneas, 5 EP’s, 34 videoclipes e 29 singles.