quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

SLOW RIDE - FOGHAT

SLOW RIDE – FOGHAT

 

“Slow Ride” é a terceira canção do álbum Fool for the City, o quinto disco de estúdio da banda britânica Foghat, lançado em 15 de setembro de 1975. A canção é creditada ao vocalista e guitarrista Lonesome Dave Peverett.

 

Lonesome Dave Peverett – Vocal, Guitarra-base

Rod "The Bottle" Price – Guitarra-Solo e violão, slide guitar, steel guitar

Roger Earl – Bateria e Percussão

Nick Jameson – Baixo, Teclado, Guitarra

 

Existem cinco versões da música. A versão original em LP de Fool for the City dura 8 minutos e 14 segundos. A versão single, encontrada em várias compilações, foi truncada para 3:56 com um final fade-out. A versão ao vivo de 1977 é 8:21, a versão King Biscuit Flower Hour Foghat é 10:37 e a versão ao vivo de 2007 é 9:44.

 

De acordo com o baterista Roger Earl, a música foi criada durante uma jam session com o então novo baixista Nick Jameson:

 

Nick tinha um toca-fitas e gravava tudo o que tocávamos lá. Pelo que me lembro, toda a música foi escrita - a parte do meio, a parte do baixo e o final foram ideias de Nick. Basicamente, Nick escreveu a música, mas nós apenas improvisamos nela, e Nick cortou o material para que fizesse sentido no que diz respeito à música. E então Dave [Peverett, então guitarrista e vocalista da banda] disse, 'Eu tenho algumas palavras.' Foi assim que aconteceu (risos).

 

Timeout.com

 

Começa com uma batida de pé, depois se transforma em um dos melhores riffs da história do rock, antes de culminar em um enorme frenesi de mão na massa... e encaixar na frase 'passeio lento, vá com calma' para boa medida. 'Slow Ride' é a música mais emocionante já escrita. Sem resposta.

 

The Story Behind The Song: Slow Ride by Foghat

 

Como o baterista do Foghat, Roger Earl, admite, não é preciso um diploma em crítica literária para desvendar o subtexto da música característica da banda de 1975.

 

“É claro que Slow Ride é sobre sexo”, diz ele. “Todas as músicas de rock'n'roll são sobre sexo, não são? É 'Acabei de fazer' ou 'Estou pensando em fazer' ou 'Obrigado por me deixar fazer isso'. Foi inspirado por mulheres. Nós éramos muito populares naquela época. Era meados dos anos 70, a banda estava indo muito bem e tínhamos mais dinheiro do que bom senso.”

 

Tendo se mudado para a costa leste dos EUA, a feliz existência dos roqueiros britânicos de cio e royalties foi interrompida em 1975 pela saída do baixista Tony Stevens. “Éramos como um Cadillac de três rodas”, lembra Earl. “Mas nosso produtor de longa data, Nick Jameson, tocou baixo em sua primeira banda, então eu disse: 'Você quer se juntar a uma banda?' Dirigimos até a casa que eu dividia com o [guitarrista] Rod Price em Long Island , e Slow Ride veio de uma jam no porão.

 

“Tocamos por cinco ou seis horas naquele dia”, continua ele. “Dave é o único que é creditado [como o compositor da música], porque o resto de nós realmente não se importava com dinheiro na época, mas na verdade era um ponto de discórdia de vez em quando. Todo mundo compôs “Slow Ride”. Se alguém deveria conseguir algo, Nick deveria, porque ele escreveu o meio-oitavo e todas as partes do baixo, e disse: 'Vá para o começo, Rog.' Ele é um bastardo talentoso.

 

“O ritmo era um riff de John Lee Hooker que meio que endireitamos. Não foi copiado, foi inspirado. Você só se mete em confusão se roubar as melodias e as palavras das pessoas, como fez o Led Zeppelin. Todos nós amamos John Lee Hooker. Sem pessoas como ele, Elmore James e Robert Johnson nosso repertório seria bem enxuto.”

 

Esse arranjo básico de “Slow Ride” foi gravada primeiro em fita cassete, e a banda procurou a gravadora Bearsville para obter fundos para aperfeiçoá-la. “Decidimos que precisávamos tirar uma folga e levar a sério”, lembra Earl. “Então, Nick e eu alugamos uma caminhonete, colocamos bateria, guitarra, amplificadores e teclados e encontramos este estúdio [Suntreader] em Sharon, Vermont, bem no topo de uma montanha no meio do nada. Ficamos um mês lá em cima”.

 

“Chegamos na metade da gravação de Slow Ride quando a energia acabou, como costumava acontecer lá em cima, quando os moradores batiam em uma linha de energia ou um urso os atropelava. Então paramos até cerca de três semanas depois. Quando a energia voltou, ligamos as máquinas, sentei-me na sala de bateria e peguei o ritmo e Nick me deu um soco. Tivemos uma pausa de três semanas antes de terminar a música. É ótimo tocar ao vivo, mas a versão de estúdio é a minha favorita porque há algumas pequenas probabilidades, como o antigo tom de discagem telefônica que você pode ouvir no meio.”

 

Como se viu, os ursos pardos eram um obstáculo mais benigno do que os executivos das gravadoras. “Mixamos “Slow Ride” e “Save Your Loving” [o eventual lado B] e as trouxemos de volta para tocar para Paul Fishkin, que era o chefe da Bearsville Records”, diz Earl. “Ele disse: 'Eu gosto delas, mas você não pode ter um single de oito minutos'. Nick e eu dissemos: 'Foda-se. Sim, podemos.' Ele disse: 'Mas é uma música rock'n'roll, as pessoas querem baladas.' E nós dissemos: 'Foda-se. Vai ser o single.” Essa foi a única música que Foghat insistiu que era um single. Então vencemos, mas o problema foi que as estações de rádio a editaram de qualquer maneira.

 

Lançada no final de 1975, Slow Ride foi um evento de mudança de trajetória para a banda, mesmo que sua colocação nas paradas americanas de No.20 (Foghat nunca chegou às paradas do Reino Unido) parecesse contra-intuitivo entre o movimento disco. “Os anos disco foram os melhores anos para Foghat”, disse Peverett a Goldmine em 1995. “Foi quase como um contra-movimento… toda essa coisa de ‘disco é uma merda’.”

 

“Ainda me lembro da primeira vez que ouvi”, diz Earl. “Estávamos em algum lugar no sul da Louisiana, e eu estava com um dos promotores da Warner Brothers. Estávamos andando pela rua e, curiosamente, havia uma loja de peixe e batatas fritas. Quando entramos, “Slow Ride” estava tocando no rádio.

 

Com os lucros do Slow Ride, Earl comprou um Lamborghini Miura SV 1971. A vida era boa.

 

“Foi ótimo ser conhecido”, diz ele. “Não éramos como algumas bandas, onde você não pode sair e jantar ou ficar bêbado e ser estúpido. O sucesso com a música é o que todos nós buscamos. Rod achou difícil com a fama e fortuna. Eu não, eu adorei. É muito melhor ser rico do que ser pobre. Eu já fui os dois.

 

O Slow Ride ainda é lembrada e conhecida hoje, devido em grande parte ao fato de ter recebido um segundo fôlego de vários usos no marketing. “A Honda a usou em um comercial, o Guitar Hero trouxe um público totalmente novo, várias lanchonetes a usaram”, diz Earl. “E não acho que Dave ficaria muito feliz com isso, porque ele era vegetariano.”

 

Prêmios

 

In 2009, it was named the 45th "Best Hard Rock" song of all time by VH1.

Ultimate Classic Rock colocou Slow Ride na 60a posição da sua lista Top 100 Rock Songs, em 2022.

 

Single

 

Single, em dezembro de 1975, 20a posição na Billboard Hot 100.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

GENESIS - TRESPASS

GENESIS – TRESPASS

 

Trespass é o segundo álbum de estúdio da banda britânica chamada Genesis. Seu lançamento oficial aconteceu em 23 de outubro de 1970, através do selo Charisma Records. As gravações ocorreram entre junho e julho daquele mesmo ano, nos Trident Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção ficou por conta de John Anthony.

 

O Genesis, uma das mais consagradas bandas do Rock Progressivo inglês, marca sua estreia no RAC. Como manda a tradição, vai-se abordar a formação do grupo antes de se focar no álbum propriamente dito.

 

Primórdios do Genesis

 

Os membros fundadores do Genesis, o vocalista Peter Gabriel, o tecladista Tony Banks, o guitarrista Anthony Phillips, o baixista/guitarrista Mike Rutherford e o baterista Chris Stewart se conheceram originalmente na Charterhouse School, uma escola particular na cidade de Godalming, no condado de Surrey, na Inglaterra.

 

Os cinco eram membros das duas bandas da escola; Phillips e Rutherford estavam no The Anon, enquanto Gabriel, Banks e Stewart constituíam a Garden Wall.

 

Em janeiro de 1967, depois que ambos os grupos se separaram, Phillips e Rutherford continuaram a compor juntos e acabaram gravando uma fita demo no estúdio caseiro de um amigo, convidando Banks, Gabriel e Stewart a gravarem, com eles, neste processo.

 

Os cinco gravaram seis músicas: “Don’t Want You Back”, “Try a Little Sadness”, “She's Beautiful”, “That's Me”, “Listen on Five” e “Patricia”, esta, uma instrumental.

 

Quando eles desejaram gravar profissionalmente, procuraram outro aluno da Charterhouse, Jonathan King, o qual parecia uma escolha natural como editor e produtor devido a seu sucesso com “Everyone's Gone to the Moon”, a qual foi top 5, no Reino Unido, em 1965.

 

Um amigo do grupo deu a fita demo para King, o qual ficou imediatamente entusiasmado. Sob a direção dele, o grupo, com idades entre 15 e 17 anos, assinou um contrato de gravação de um ano com a gravadora Decca Records.

 

De agosto a dezembro de 1967, os cinco gravaram uma seleção de potenciais singles no estúdio Regent Sound Studios na Denmark Street, em Londres, onde tentaram composições mais longas e complexas, mas King os aconselhou a optarem por um som pop mais direto.

 

Em resposta, Banks e Gabriel compuseram “The Silent Sun”, um pastiche do Bee Gees, uma das bandas favoritas de King, e que foi gravada com arranjos orquestrais adicionados por Arthur Greenslade.

 

O grupo trocou várias vezes de nome, incluindo a sugestão de King como Gabriel's Angels e Champagne Meadow, de Phillips, antes de tomar outra sugestão de King, Genesis, a qual indicava o início de sua carreira como produtor.

 

King escolheu “The Silent Sun” como seu primeiro single, com “That's Me” no lado B, e foi lançado em fevereiro de 1968. Ele conseguiu alguma divulgação na BBC Radio One e na Radio Caroline, mas não conseguiu ser viável comercialmente.

 

Um segundo single, “A Winter's Tale”/“One-Eyed Hound”, em maio de 1968, que também vendeu pouco. Três meses depois, o baterista Chris Stewart deixou o grupo para continuar com seus estudos. Ele foi substituído por outro pupilo da Charterhouse, John Silver.

 

From Genesis to Revelation

 

O produtor da banda, Johnathan King, sentiu que o grupo conseguiria um maior sucesso com um álbum. O resultado, From Genesis to Revelation, foi produzido no estúdio Regent Sound, em dez dias, durante as férias de verão (britânico) da escola, em agosto de 1968.

 

King montou as faixas como um álbum conceitual, o qual ele mesmo produziu, enquanto o maestro Greenslade adicionou mais arranjos orquestrais às músicas, algo sobre o qual a banda não foi informada até o disco ter sido lançado. O guitarrista Anthony Phillips ficou particularmente chateado com as adições de Greenslade.

 

Quando a gravadora Decca Records encontrou uma banda americana já chamada Genesis, King se recusou a mudar o nome do grupo. Ele alcançou um acordo removendo o nome do conjunto da capa do álbum, resultando em um design minimalista, com o título do disco impresso em um fundo preto liso.

 

Quando o álbum foi lançado, em março de 1969, tornou-se um fracasso comercial, pois as lojas de discos o colocaram na seção ‘Religiosa’, ao notarem a capa.

 

Um terceiro single, “Where the Sour Turns to Sweet”/“In Hiding”, foi lançado, em junho de 1969. Nenhum dos lançamentos foi comercialmente bem-sucedido e levou à ruptura da banda com King e a gravadora Decca.

 

King continuou a manter os direitos sobre o disco o qual viu inúmeras reedições. Em 1974, atingiu a principal parada norte-americana, na 170ª posição.

 

Mudanças de direção

 

Quando o álbum foi gravado, os integrantes da banda seguiram seus caminhos separados por um ano; Gabriel e Phillips ficaram na Charterhouse para terminar os exames, Banks matriculou-se na Universidade de Sussex e Rutherford estudou no Farnborough College of Technology.

 

Eles se reagruparam, em meados de 1969, para discutirem seu futuro, pois, se continuassem nos estudos, o resultado final seria a divisão do grupo.

 

Phillips e Rutherford decidiram fazer música, em uma carreira em tempo integral, pois começavam a compor músicas mais complexas do que suas canções anteriores com King.

 

Após Banks e Gabriel se decidirem a seguir o exemplo, os quatro retornaram ao Regent Sound, em agosto de 1969, e gravaram mais quatro demos com Silver: “Family” (mais tarde conhecida como “Dusk”), “White Mountain”, “Going Out to Get You” , e “Pacidy”.

 

A fita demo foi rejeitada por todos os selos que a ouviram. Silver, então, deixou o grupo para estudar gerenciamento de lazer, na América. Seu substituto, o baterista e carpinteiro John Mayhew, foi encontrado quando o próprio Mayhew procurava por trabalho e deixou seu número de telefone “com pessoas por toda Londres”.

 

No final de 1969, o Genesis se retirou para uma casa de campo que os pais de Richard Macphail possuíam em Wotton, Surrey, para compor, ensaiar e desenvolver o seu desempenho no palco. O grupo adotou uma forte ética de trabalho, tocando juntos por até onze horas por dia.

 

Primeiras apresentações

 

O primeiro show como Genesis aconteceu em setembro de 1969, no aniversário de um adolescente. Foi o início de uma série de shows em locais pequenos, por todo o Reino Unido, que incluíram uma aparição em rádio, no Night Ride Show da BBC, em 22 de fevereiro de 1970, e uma apresentação no Atomic Sunrise Festival realizado no Roundhouse, em Chalk Farm, um mês depois.

 

Durante esse período, a banda se encontrou com várias gravadoras sobre ofertas de contratos. As discussões iniciais com Chris Blackwell, da Island Records, e Chris Wright, da Chrysalis, não tiveram êxito.

 

Em março de 1970, durante a sexta semana consecutiva em que o grupo se apresentava às terças-feiras à noite, no Jazz Club, de Ronnie Scott, em Soho, membros da Rare Bird, a qual o Genesis havia apoiado anteriormente, recomendaram a banda ao produtor e chefe da A&R, John Anthony, da Charisma Records.

 

Contrato com a gravadora

 

John Anthony assistiu a um dos shows do Genesis e gostou o suficiente para convencer seu chefe, o proprietário do selo, Tony Stratton-Smith, a assistir sua próxima aparição. Stratton-Smith concordou em um acordo de gravação e gerenciamento, dentro de duas semanas, pagando ao Genesis uma quantia inicial de £ 10 por semana (o equivalente a £ 100 em 2017). O Genesis permaneceu em Wotton até abril de 1970, altura em que eles já possuíam material novo suficiente para um segundo álbum.

 

Segundo álbum a caminho

 

Em julho de 1970, o Genesis entrou no Trident Studios, em Londres, para gravar um novo álbum. E o grupo foi acompanhado pelo produtor e engenheiro de gravação John Anthony.

 

O conjunto tinha material suficiente para gravar dois álbuns, mas sentiu que algumas músicas não eram suficientemente fortes.

 

O álbum seria batizado como Trespass, e marcou uma ruptura das músicas mais orientadas para o pop, como exibidas em seu primeiro álbum, From Genesis to Revelation, para um rock progressivo com fortes toques Folk.

 

 

A capa do álbum foi feita pelo artista Paul Whitehead, que também fez as capas para os próximos dois álbuns da banda.

 

Whitehead terminou a capa e depois a banda acrescentou “The Knife” ao track list. Sentindo que a capa não mais se ajustou ao humor do disco, o grupo pediu a Whitehead para que a refizesse.

 

Enquanto Whitehead esteve relutante em refazê-la, os membros do conjunto o inspiraram a cortar a tela com uma faca real. A coisa toda foi fotografada, mas ficou azul quando revelada, devido à iluminação na sala.

 

Bem, vamos às faixas:

 

LOOKING FOR SOMEONE

 

O disco abre com uma faixa que demonstra que o Genesis estava diferente. Algumas características que se tornariam parâmetros para o grupo já aparecem, ainda que em forma não completa. Mudanças de andamento, elementos Folk com roupagem Rock, suavidade em contraponto com momentos mais agressivos. Destaque para a voz de Peter Gabriel e os teclados de Tony Banks.

 

A letra pode ser inferida como uma história de recomeço:

 

Nobody needs to discover me,

I'm back again

You feel the ashes from the

Fire that kept you warm

Its comfort disappears,

But still the only friend I know

Would never tell me where I go

 

WHITE MOUNTAIN

 

"White Mountain" é de uma beleza pouco comum. Sua sonoridade contém uma inegável pegada folk, com o trabalho acústico de Anthony Phillips e Mike Rutherford. Lindas abordagens de Tony Banks, criando um ambiente místico e lúdico, enquanto a atuação vocal de Peter Gabriel assombra.

 

A letra conta uma história de fantasia:

 

Steep, far too steep, grew the pathway ahead

Descent was the only escape

A wolf never flees in the face of his foe

Fang knew the price he would pay

One-eye stood before him

With the crown upon his head

Sceptre raised to deal the deadly blow

 

VISIONS OF ANGELS

 

Realmente tocante a beleza da melodia que sai do piano de Tony Banks na introdução de "Visions of Angels". E é o tecladista que domina esta canção, criando belas camadas sonoras, com bastante criatividade. Outra bela presença da voz de Peter Gabriel.

 

A letra questiona a presença divina no planeta:

 

I believe there never is an end

God gave up this world its people long ago

Why she's never there I still don't understand

 

STAGNATION

 

"Stagnation" aposta na sutileza e na delicadeza, construindo uma pequena obra-prima. O teclado cria atmosferas incríveis, enquanto o trabalho acústico dos violões de Phillips, Rutherford e do próprio Banks fornece um clima dramático, levemente sombrio, mas, ao mesmo tempo, impactante.

 

A letra é em tom de resignação:

 

To take all the dust and the dirt from my throat

I want a drink, I want a drink

To wash out the filth that is deep in my guts

 

DUSK

 

Já "Dusk", é uma balada simples e a menor faixa de Trespass. A influência da musicalidade Folk se mantém, com a flauta de Peter Gabriel se destacando, além de uma bela aparição de sua voz. Belíssima composição.

 

A letra possui um sentido de fatalidade:

 

A pawn on a chessboard,

A false move by God will now destroy me,

But wait, on the horizon,

A new dawn seems to be rising,

Never to recall this passerby, born to die

 

THE KNIFE

 

A sexta - e última - faixa de Trespass é "The Knife". A clássica e atemporal música de encerramento do álbum é um grande momento de ode ao Rock Progressivo. Mudanças de andamento e clima, com toques sinfônicos, presença da flauta de Gabriel nas passagens mais suaves, alternando peso e leveza, agressividade e sutileza, caos e ordem. Canção monumental!

 

A letra da canção é uma espécie de protesto:

 

Stand up and fight, for you know we are right

We must strike at the lies

That have spread like disease through our minds

Soon we'll have power, every soldier will rest

And we'll spread out our kindness

To all who our love now deserve

Some of you are going to die -

Martyrs of course to the freedom that I shall provide

 

“The Knife” é uma canção clássica do Genesis.

 

Sua primeira parte foi lançada como single para promover Trespass, mas não obteve êxito em termos das principais paradas de sucesso desta natureza.

 

A capa do single é uma arte contendo imagens de Gabriel, Rutherford e Bankes, além de Phil Collins e Steve Hackett. Collins e Hackett não tocaram na canção, mas se juntaram ao grupo logo após o álbum ter sido gravado, substituindo John Mayhew e Anthony Phillips, respectivamente.

 

Nas letras da música, Peter Gabriel, influenciado por um livro sobre Gandhi, tentou demonstrar que todas as revoluções violentas terminam com um ditador sendo elevado ao poder.

 

“The Knife” costumava ser executada como um bis. Durante uma apresentação, em junho de 1971, Peter Gabriel ficou tão empolgado no final da música que pulou do palco para o público, torcendo o tornozelo como resultado.

 

“The Knife” foi a única canção de Trespass que permaneceu por mais tempo no set list dos shows do grupo através dos tempos.

 

Considerações Finais

 

Embora seja um álbum de qualidade indubitável, Trespass não repercutiu em termos das principais paradas de álbuns do mundo, as britânica e norte-americana.

 

Entretanto, o disco foi bem do outro lado do Canal da Mancha, na Europa Continental, especialmente na Itália. Na Bélgica, atingiu o topo da parada do país, resultando no primeiro convite para o Genesis tocar fora do Reino Unido.

 

Trespass foi um fracasso comercial. Mas, com o passar do tempo e o crescimento da popularidade do grupo, chegou até a aparecer na principal parada britânica, já em 1984, na 98ª posição.

 

O disco foi amplamente ignorado pela imprensa musical no seu momento de lançamento. A revista norte-americana Rolling Stone, em uma revisão extremamente breve, mas inequivocamente negativa, de 1974, apontou: “É fraco, mal definido, às vezes aborrecido e deve ser evitado por todos, exceto os fãs mais rabiosos do Genesis”.

 

A revisão retrospectiva de Bruce Eder, do site AllMusic, dá ao álbum uma nota 2 de um máximo de 5, resumindo que o disco “é mais interessante para o que ele aponta do que para o que realmente é”.

 

Eder também afirma que as guitarras são tão baixas na mixagem que são quase inaudíveis, deixando os instrumentos de teclado, de Banks, proeminentes. Bruce Eder não considera o fato ruim, mas diz que não é o Genesis que ficou mundialmente conhecido.

 

Trespass incluiu músicas mais longas e mais complexas do que as do primeiro disco, com elementos folk e de rock progressivo, com várias mudanças de assinatura de tempo, como na música de nove minutos “The Knife”.

 

Depois que Trespass foi gravado, a saúde e o desenvolvimento do medo de palco causaram que o guitarrista Anthony Phillips deixasse o Genesis. Seu último show com a banda ocorreu em Haywards Heath, em 18 de julho de 1970.

 

Ademais, Phillips sentiu que o aumento do número de shows afetou a criatividade do grupo e que várias músicas as quais havia composto não foram gravadas ou tocadas ao vivo. Ele havia contraído pneumonia brônquica e se isolou do resto da banda, sentindo que havia muitos compositores no Genesis.

 

Banks, Gabriel e Rutherford viam Phillips como um membro importante, sendo o maior instrumento em encorajá-los a se tornarem profissionais. Eles consideraram sua saída como a maior ameaça ao futuro da banda e a mais difícil de se superar.

 

Gabriel e Rutherford decidiram que continuariam; Banks concordou com a condição de encontrassem um novo baterista que fosse de igual estatura para o restante do grupo. John Mayhew foi despedido, apesar de Phillips, mais tarde, ter pensado que a origem de classe trabalhadora de Mayhew se chocava com o berço do restante da banda; e que este fato afetou sua confiança.

 

Em 1971, com novos membros como guitarrista e baterista, o Genesis lançaria Nursery Crime, seu terceiro álbum de estúdio. Mas isto é história para um futuro post.

 

Formação:

Peter Gabriel - Vocal, Flauta, Acordeão, Tamborim

Anthony Phillips - Guitarra acústica de 12 cordas, Guitarra-solo, Dulcimer, Vocais

Tony Banks - Órgão, Piano, Mellotron, Guitarra acústica de 12 cordas, Vocais

Mike Rutherford - Guitarra acústica de 12 cordas, Baixo, Violão, Violoncelo, Vocais

John Mayhew - Bateria, Percussão, Vocais

 

Faixas:

01. Looking for Someone (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 7:06

02. White Mountain (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 6:45

03. Visions of Angels (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 6:51

04. Stagnation (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 8:45

05. Dusk (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 4:15

06. The Knife (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 8:55

 

Opinião do Blog:

Um dos maiores expoentes do Rock Progressivo britânico finalmente estreia aqui nas páginas do RAC: o Genesis. Demorou, mas finalmente este dia chegou.

 

A banda pode ser considerada um dos pilares do estilo, extremamente talentosa e criativa e que acabou auxiliando na criação e desenvolvimento de muitas facetas que encantam os fãs desta fascinante vertente do Rock.

 

Trespass é um trabalho que antecede o ápice criativo do Genesis, mas, entretanto, é um disco que demonstra a transição pela qual o grupo passava: deixando a sonoridade de seu primeiro álbum, mais art rock e psicodélica; enquanto se apresentou bem mais progressivo neste disco. E, confessa-se, o RAC adora álbuns que se passam nestes momentos.

 

O que se ouve em Trespass é uma banda que aposta na técnica, em mudanças de andamento e ritmo nas músicas e também flerta casuisticamente com o sinfônico. A beleza das melodias é uma constante, com o grupo construindo as canções apostando mais na sutileza e na delicadeza.

 

O vocalista Peter Gabriel esbanja talento, testando sua voz em momentos mais suaves e em outros mais agressivos. Também mostra virtudes como flautista. Anthony Phillips é um bom guitarrista, embora o grande destaque do disco, para o Blog, seja o tecladista Tony Banks.

 

As letras são boas e merecem uma conferida.

 

"White Mountain" é ótima, voltada para a leveza e a sutileza e com um ápice apoteótico. "Stagnation" é outra grande canção sendo impactante mesmo com uma atmosfera sutil.

 

Mas a preferida do RAC é mesmo o clássico "The Knife", uma amostra real do potencial do Genesis e de como a banda poderia ser protagonista no Rock Progressivo.

 

Enfim, Trespass é um álbum de transição, contando com uma banda muito talentosa, buscando sua identidade musical e em plena transformação. Ainda não é o Genesis que conquistaria o mundo em obras antológicas como Selling England by the Pound, mas é um disco extremamente interessante e bem recomendado pelo Blog.