quarta-feira, 11 de março de 2020

Wishbone Ash – Wishbone Ash [1970]

Por Daniel Benedetti
Wishbone Ash é o álbum de estreia da banda britânica de mesmo nome, ou seja, o Wishbone Ash. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 4 de dezembro de 1970 com as respectivas gravações ocorrendo no mês de setembro daquele mesmo ano, no De Lane Lea Studios, em Londres, na Inglaterra. O produtor foi Derek Lawrence e o disco saiu pelo selo Decca/MCA.
O Wishbone Ash foi formado em torno do mês de outubro de 1969, sendo fundado pelo baixista Martin Turner e o baterista Steve Upton, na cidade de Torquay, na Inglaterra. O primeiro guitarrista do grupo foi o irmão do baixista Martin Turner, Glenn Turner, que tocava em um grupo chamado Tanglewood. Mas, brevemente, Glenn os deixa para retornar à sua cidade natal.
Assim, o Manager da banda, Miles Copeland III, publicou um anúncio em jornais procurando por um guitarrista e, também, por um tecladista para completarem o futuro conjunto que surgia.
Andy Powell
Para o posto de guitarrista, a disputa se encerraria com dois postulantes ao cargo: Andy Powell, um londrino que viu o anúncio no jornal musical Melody Maker. O outro candidato era Ted Turner – que não era parente de Martin – natural da cidade de Birmingham.
Incapazes de se decidirem por Powell ou Turner, a decisão marcou não só a formação do conjunto mas também o futuro do Rock: a solução foi deixar os dois guitarristas tomarem parte do grupo e ver como isto influenciaria a sonoridade da banda.
A musicalidade do grupo foi tomada pelo surgimento da chamada “twin lead guitars” (ou guitarras gêmeas). Diferentemente do som das guitarras da banda The Allman Brothers Band, o Wishbone Ash incluiu fortes elementos de rock progressivo, folk e música clássica.
Faltava, “apenas”, um nome para o grupo. Após os membros da banda escreverem vários nomes sugeridos em duas folhas de papel, Martin Turner pegou uma palavra de cada lista e formou o nome do conjunto – eram as mesmas ‘Wishbone’ e ‘Ash’.
Ted Turner
No início de 1970, a banda marcou um show de abertura para o já famoso grupo Deep Purple. Isto mudaria a história do Wishbone Ash. Durante a passagem de som, o guitarrista do Purple, Ritchie Blackmore, estava aquecendo sozinho no palco, quando Andy Powell subiu, ‘plugou’ sua guitarra e começou a tocar e a improvisar junto com Blackmore.
Blackmore, impressionado, posteriormente recomendou o Wishbone Ash ao produtor do Deep Purple, Derek Lawrence, ajudando a banda a garantir um contrato com a gravadora Decca / MCA Records.
“Blind Eye” se inicia com uma sonoridade bem bluesy, com um riff carregado de Blues Rock. A interpretação dos vocais também segue a linha, assim como a cozinha de Martin Turner e Steve Upton. “Lady Whisky” é um típico rock setentista com um pé no Hard e bastante melodia. As guitarras gêmeas dão as cartas e os vocais se casam muito bem com a parte instrumental da música. “Errors Of My Way” aposta em uma melodia surpreendentemente dotada de suavidade e, ao mesmo tempo, intensidade. As guitarras gêmeas, obviamente, dão as caras em um momento contagiante e espetacular.
“Queen Of Torture” é a menor faixa do disco e aposta em um som mais direto e simples, demonstrando um riff empolgante, no puro Hard Rock setentista. “Handy” é a maior música do disco, superando os 11 minutos. Uma belíssima e suave melodia servirá de base para a canção, quase que toda instrumental, recheada de solos matadores e guitarras gêmeas. “Phoenix” também é longa, superando a casa dos 10 minutos. Assim como sua predecessora, há influência do rock psicodélico e progressivo em sua constituição, com as guitarras de Andy Powell e Ted Turner brilhando de maneira impressionante.
Powell e Turner
O álbum de estreia do Wishbone Ash nunca foi um tremendo sucesso comercial. Mesmo assim, está longe de ser um fracasso. Acabou conquistando posições nas duas principais paradas de sucesso de álbuns: a mais que modesta 208ª colocação na parada norte-americana do gênero e a muito boa (em especial para uma banda desconhecida) 29ª em sua correspondente britânica.
O disco acabou ficando mais conhecido e demonstrando sua importância com o passar do tempo e à medida que o Wishbone Ash conseguiu ser uma banda mais conhecida e bem-sucedida comercialmente. O uso das guitarras gêmeas e a fusão de estilos e influências acabaram sendo reconhecidos pela imprensa especializada e se tornaram um marco no pioneirismo de seu uso.
Após sair em turnê para promover o seu álbum de estreia, o grupo começou a compor e gravar seu segundo disco, o afamado Pilgrimage, de 1971.
Em suma, em seu debut, a banda apostou em composições próprias e que mesclam, a sua veia Hard, de maneira satisfatória, elementos de Blues, do Rock Psicodélico e do Rock Progressivo. Há canções curtas e que funcionam muito bem como “Blind Eye” e a bela “Errors Of My Way”. Também, apresenta duas faixas longas, quase que instrumentais e de extremos bom gosto e inspiração: as ótimas “Handy” e “Phoenix”. Deste modo, o álbum Wishbone Ash é um pontapé certeiro para uma das mais criativas bandas da cena setentista.
Formação:
Andy Powell – Guitarra Solo,Vocal
Ted Turner – Guitarra Solo, Vocal
Martin Turner – Baixo, Vocal
Steve Upton – Bateria
Faixas:
  1. Blind Eye
  2. Lady Whisky
  3. Errors of My Way
  4. Queen of Torture
  5. Handy
  6. Phoenix


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Lynyrd Skynyrd – Pronounced ‘lĕh-‘nérd ‘skin-‘nérd [1973]

Por Daniel Benedetti
Pronounced ‘lĕh-‘nérd ‘skin-‘nérd é o álbum de estreia da banda norte-americana Lynyrd Skynyrd. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 13 de agosto de 1973, através do selo Sounds of the South (associado à MCA Records) com a produção sob responsabilidade de Al Kooper.
O início do Lynyrd Skynyrd pode ser datado do ano de 1964, quando surgiu uma banda chamada “The Noble Five”, na cidade de Jacksonville, na Flórida, nos Estados Unidos. Três amigos adolescentes decidiram formar uma banda de rock. Eram eles: Gary Rossington, Ronnie Van Zant e Allen Collins. Em 1965, a banda muda seu nome para “My Backyard”. Já em 1968, o grupo vence uma competição local de bandas, ganhando o direito a fazer as apresentações de abertura para a banda Strawberry Alarm Clock.
Em 1970, Van Zant buscava um novo nome para o grupo (por exemplo, The Noble Five), antes que o grupo consentisse no nome “Leonard Skinner”.
O nome surgiu em uma “homenagem” ao professor de educação física, Leonard Skinner, da Robert E. Lee High School, conhecido por seguir estritamente a política da escola contra garotos que possuíssem cabelos compridos, que causou a saída de Gary Rossington da mesma, cansado de zombarem de seus longos cabelos. Anos depois, antes do lançamento de seu álbum de estreia, o conjunto adotou uma nova grafia para o nome do grupo e, apesar da homenagem em tom de zombaria, acabou cultivando amizade com o professor Leonard Skinner com o passar dos anos, inclusive convidando-o a apresenta-los em um show no Jacksonville Memorial Coliseum.
Ainda em 1970, a banda contratou Alan Walden como seu manager, cargo que ele ocuparia até 1974, quando foi substituído por Pete Rudge.
Nos anos iniciais da década de 70, o grupo continuava se apresentando continuamente pela região sul dos Estados Unidos, desenvolvendo seu estilo musical característico e coletando pequenas experimentações musicais em estúdio.
Durante todo esse tempo, a banda apresentou algumas modificações na sua formação. O baixista Larry Junstrom deixou a banda, sendo substituído Greg T. Walker. Na mesma época, o baterista Ricky Medlocke entra no grupo como segundo batera, com o grupo realizando apresentações com dois sets de bateria, em um estilo próximo ao que a The Allman Brothers Band fazia.
O baterista ‘titular’ Bob Burns chegou a deixar a banda em 1971, com o grupo participando de uma seção de gravações no Muscle Shoals Sound Studio com Medlocke e Walker na seção rítmica, e sem a participação de Bob Burns. Depois disso, Walker e Medlocke deixam a banda para ingressarem em outro grupo do mesmo estilo musical, o Blackfoot. A banda volta ao Muscle Shoals Sound Studio para uma segunda seção de gravações, desta vez com Bob Burns na bateria. Leon Wilkeson acaba se tornando o baixista fixo do conjunto, enquanto o roadie Billy Powell acaba assumindo os teclados.
Em 1971, o grupo já havia se fixado em Atlanta, na Geórgia, Estados Unidos, com o intuito de se aproximar do movimento do Southern Rock. Já em 1972, a banda já contava com a formação: Van Zant (vocal), Collins e Rossington (guitarras), Burns (bateria), Wilkeson (baixo), e Powell (teclado).
Naquele ano, o grupo se apresenta em um clube noturno em Atlanta e na plateia estava Al Kooper, músico, compositor e produtor do grupo Blood, Sweat, and Tears. Impressionado, Kooper assina um contrato da banda com o seu selo Sounds of the Soul, ao mesmo tempo que o conjunto ‘mudava’ seu nome para Lynyrd Skynyrd.
Com o contrato assinado, a banda entra em gravação de 27 de março a 1º de maio de 1973, no Studio One, em Doraville, na Geórgia, e ali começava a surgir Pronounced ‘Lĕh-‘nérd ‘Skin-‘nérd.
Durante a gravação de “Pronounced”, o baixista Leon Wilkeson deixa temporariamente o Lynyrd Skynyrd, participando apenas em duas faixas. O guitarrista da banda Strawberry Alarm Clock, Ed King, foi chamado para tocar as partes de baixo nas faixas restantes do álbum, as quais já haviam sido escritas por Leon. Além disso, King também tocou guitarra nas faixas do álbum e foi convidado a permanecer no grupo, como terceiro guitarrista, tornando-se possível a reprodução ao vivo do que se ouvia no álbum.
Leon Wilkeson retorna ao grupo logo após o lançamento de ‘Pronounced’, que se deu em 13 de agosto de 1973. A capa do trabalho conta com uma fotografia da banda com todos os músicos do grupo: Van Zant, Collins, Rossington, King, Wilkeson, Burns e Powell.
A fotografia da capa foi tirada na Main Street, em Jonesboro, na Geórgia. Curiosamente, foi retirada a poucos metros do local onde seria filmado cenas do longa “Smokey and the Bandit”, com Burt Reynolds e Jerry Reed, quatro anos depois. Claro, a sonoridade proposta é a que os norte-americanos chamam de southern rock, ou seja o Rock é fundido com elementos do country e do blues generosamente, embora o Lynyrd Skynyrd normalmente desenvolva uma pegada bem Hard.
Isto é bem perceptível em faixas cativantes onde a tradicional música sulista dos Estados Unidos é fundida harmonicamente com o Rock, como em “Gimme Three Steps”, “Things Goin’ On” e “Mississippi Kid”.
A banda aposta em baladas, mas que fogem dos lugares comuns, trazendo melodias suaves, mas, ao mesmo tempo, cativantes. As clássicas “Tuesday’s Gone” e “Simple Man” são bons exemplos disto. As guitarras brilham (e, por que não, fervilham) em uma de suas mais conhecidas canções: “Free Bird”. Os solos são simplesmente sensacionais!
Não é nenhum exagero afirmar que ‘Pronounced’ é um dos grandes álbuns de estreia de um grupo de Rock. Não apenas o sucesso comercial sugere isso mas também o impacto que suas canções têm até hoje junto ao público são ótimos instrumentos para aferir esta afirmação.
“Gimme Three Steps” foi o single lançado para promoção do disco, mas sem causar maiores impactos em termos de paradas de sucesso. O álbum atingiu a ótima 27ª posição da parada de álbuns dos Estados Unidos. Está na 401ª posição da lista de melhores álbuns de todos os tempos da revista Rolling Stone. Estima-se que o álbum supere a casa de 2 milhões de cópias vendidas.
O sucesso da banda crescia rapidamente, boa parte devido à turnê que se seguiu após o lançamento de ‘Pronounced’, na qual houve diversas apresentações como banda de abertura para a famosa turnê Quadrophenia, do The Who.
Formação
Ronnie Van Zant – Vocal
Gary Rossington – Guitarra Solo em “Tuesday’s Gone”, “Gimme Three Steps”, “Things Goin’ On”, “Poison Whiskey”, “Simple Man”, Guitarra Base nas demais
Allen Collins – Guitarra Solo em “I Ain’t The One” & “Free Bird”, Guitarra Base nas demais
Ed King – Guitarra Solo em “Mississippi Kid”, Baixo em todas as faixas, exceto em “Mississippi Kid” e “Tuesday’s Gone”
Billy Powell – Teclado
Bob Burns – Bateria, exceto em “Tuesday’s Gone”
Leon Wilkeson – Baixo em “Mississippi Kid” e “Tuesday’s Gone”
Tracklist
  1. I Ain’t the One
  2. Tuesday’s Gone
  3. Gimme Three Steps
  4. Simple Man
  5. Things Goin’ On
  6. Mississippi Kid
  7. Poison Whiskey
  8. Free Bird

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Direto do Forno: Division Hell – Carpe Mortem [2019]

Por Daniel Benedetti
“Missão dada é missão cumprida”.
A frase da personagem Capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite, aplica-se bem neste fato. Quando o pessoal da Consultoria do Rock me designou para esta resenha, foi o que me veio à mente.
Até por não ser fã de Death Metal, eu confesso que não conhecia a Division Hell, banda curitibana formada em 2010 e que chega ao seu segundo disco com Carpe Mortem, um trocadilho bem sacado com a máxima em latim carpe diem quam minimum credula postero (literalmente: aproveita o dia e confia o mínimo possível no amanhã).
O álbum foi gravado no Funds House Studio, em Curitiba, com produção de Alysson Irala e do vocalista da banda, Hugo Tatara. A edição, em um lindo Digipack, foi lançada pela Quiat Produções em 20 de setembro de 2019.
O primeiro destaque que pode ser apontado no trabalho é a ótima produção, a qual deixa o som extremamente nítido e muito limpo, permitindo que todas as nuances da musicalidade apresentada sejam bem percebidas.
A proposta sonora da Division Hell em Carpe Mortem é um Death Metal violento, bastante agressivo e brutal, que se desenvolve de modo homogêneo ao longo das 9 faixas do álbum. Verdadeiras porradas estão presentes em “I Am Death”, “The 9 Circles”, “Murder The Mankind” e “Human Guilt”. Os vocais de Hugo Tatara são um grande destaque.
“Umbral” é a faixa que se mais se diferencia das demais, não por abrir mão do peso, mas por ser totalmente instrumental, sem os vocais agressivos de Tatara.
Em suma: é nesta linha bastante agressiva, na qual o Death flerta com o Thrash Metal, que Carpe Mortem se desenvolve. Bem executado e bem produzido, o álbum deve agradar aos fãs do estilo.
Formação
Hugo Tatara – Vocal/Guitarra
Renato Rieche – Guitarra
Johnny Benson – Baixo
Rubens Potrich – Bateria
Faixas
  1. The 9 Circles
  2. Rise Against
  3. Toxic Faith
  4. Human Guilt
  5. I Am Death
  6. Undying
  7. Blood Never Dries
  8. Umbral
  9. Murder The Mankind
Imagens do Instagram oficial da banda (https://www.instagram.com/divisionhellofficial/

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Riot – Narita [1979]

Por Daniel Benedetti
Narita é o segundo álbum de estúdio da banda norte-americana Riot. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 5 de outubro de 1979, pelo selo Capitol Records. Os produtores foram Steve Loeb e Billy Arnell, com as gravações ocorrendo no Big Apple Recording Studio, em Nova York.
O Riot foi formado inicialmente no ano de 1975, na metrópole norte-americana Nova York quando o guitarrista Mark Reale e o baterista Peter Bitelli decidiram formar uma banda. Para tanto, recrutaram o baixista Phil Feit e o vocalista Guy Speranza. Através de toda a sua carreira o Riot sofreu com as várias e constantes mudanças na sua formação (especialmente nos vocais).
A formação acima citada foi a que gravou uma demo com 4 faixas a qual eles esperavam que fizesse parte de uma compilação (que eles mesmo propunham) e que conteria novas bandas de Rock. Enquanto o projeto não saía do papel, eles incluíram o tecladista Steve Costello.
Mark Reale distribuiu várias demos para os produtores nova-iorquinos Billy Arnell e Steve Loeb, os quais eram proprietários dos estúdios Greene Street Recording Studios e também do selo independente Fire-Sign Records.
Os produtores supracitados rejeitaram a proposta da compilação com novas bandas de rock, mas acabaram assinando um contrato com o Riot.
O grupo então adicionou um segundo guitarrista, Louie Kouvaris, e substituiu o baixista Phil Feit por Jimmy Iommi. Com Speranza nos vocais, Reale e Kouvaris nas guitarras, Iommi no baixo, Costello nos teclados e Bitelli na bateria; o Riot grava seu álbum de estreia, Rock City, em novembro de 1977.
Mark Reale
Rock City é um ótimo álbum, com apenas composições próprias. Ele apresenta um Heavy Metal bem clássico, mesclado com um Hard Rock que bebe nas fontes do incrível Deep Purple. O disco conta com excelentes canções como “Desperation”, “Warrior”, “Heart Of Fire” e a faixa-título, “Rock City”.
Já no primeiro álbum, há a aparição, na arte da capa, da bizarra mascote do grupo.
Embora o álbum seja muito bom e tenha garantido apresentações do Riot com bandas como Molly Hatchet e o AC/DC, o conjunto estava à beira da falência no início de 1979.
Mas a sorte, finalmente, bateu à porta do Riot. Naquele mesmo ano, 1979, nas terras britânicas efervescia um novo movimento que favoreceria bandas com som na linha do Riot: a New Wave Of British Heavy Metal.
Assim que a NWOBHM rompeu o mainstream, um dos seus principais incentivadores, o DJ Neal Kay (que havia ouvido e gostado de Rock City) começou a divulgar o nome dos norte-americanos do Riot no Reino Unido.
Guy Speranza
Assim, muitos fãs britânicos começaram a importar cópias de Rock City, aumentando a vendagem do grupo. Deste modo, Arnell e Loeb, os donos da Fire-Sign Records, os quais haviam gravado e produzido Rock City, sentiram-se encorajados a produzir um novo disco do Riot.
Durante as sessões de gravação deste novo álbum, o guitarrista Louie Kouvaris deixou o conjunto, sendo substituído pelo roadie Rick Ventura. A arte da capa consta com a bizarra mascote do Riot.
“Waiting for the Taking” começa com uma ótima levada que lembra certa inspiração no Hard setentista, especialmente os britânicos do Deep Purple. “49er” tem um riff mais pesado e cadenciado faz parte da introdução da música e este segue ditando o ritmo da faixa. “Kick Down the Wall” apresenta um ótimo riff e aposta em certa cadência que dá à música um ritmo mais lento e favorece demais sua melodia.
Mostrando sua influência das bandas clássicas do Rock, o Riot traz uma versão do clássico eternizado pelo Steppenwolf, “Born to Be Wild”. No entanto, o conjunto faz uma versão repleta de personalidade, dando um viés bem mais agressivo e feroz ao clássico. Com poucos mais de 4 minutos e meio, a faixa que dá nome ao álbum, “Narita”, é toda instrumental. “Here We Come Again” continua em seu Heavy Metal com forte influência do Hard Rock setentista. Os solos são pontos altos de “Do It Up”, pois são repletos de feeling.
Em “Hot for Love”, o Riot optou por fazer uma introdução pequena, mas de forma mais melódica e quase acústica. A faixa tem um ótimo riff, com uma pegada bem NWOBHM. “White Rock” é a menor faixa de Narita e segue em um ritmo mais forte desde o seu início, em um tom de Heavy Metal tradicional. “Road Racin’” surge com um riff sensacional e este abre a última canção do trabalho, logo aumentando sua velocidade, acompanhado por uma ótima atuação da bateria de Peter Bitelli, que auxilia na manutenção da rapidez da faixa.
Sem nunca ter sido um grande sucesso comercial, Narita acabou aumentando o sucesso do Riot nos Estados Unidos e Europa e evitou que a banda entrasse em falência. Boa parte deste mérito se deveu a turnê bem-sucedida pelo Texas que o grupo fez em suporte a Sammy Hagar e sua carreira solo.
Esta turnê bem-sucedida com Sammy Hagar fez com que a Capitol Records fizesse uma proposta de lançamento mundial para Narita, desde que o grupo aceitasse fazer uma nova turnê com Sammy pela Europa. Tanto a Capitol quanto Sammy Hagar gostariam de ter uma banda jovem e pesada associada a eles e o Riot cumpria todos estes requisitos.
A turnê do Riot pelo Reino Unido com Hagar foi um sucesso, mas assim que a mesma terminou, a Capitol Records descartou o Riot. Mas, mesmo assim, os managers da banda Billy Arnell e Steve Loeb gastaram seus últimos recursos para promoverem Narita na maior quantidade de Rádios possível, e assim permitiram uma maior repercussão para o trabalho.
A tática funcionou, pois permitiu que a Capitol Records optasse por lançar o próximo álbum do Riot, Fire Down Under, o qual foi seu maior sucesso comercial. Narita também era o nome de um grupo que o guitarrista Mark Reale se apresentava em San Antonio, no Texas, juntamente ao vocalista Steve Cooper (SA Slayer), o baixista Don Van Stavern (que integraria o Riot no futuro) e o baterista Dave McClain.
Formação:
Guy Speranza – Vocal
Mark Reale – Guitarra
Rick Ventura – Guitarra
Jimmy Iommi – Baixo
Peter Bitelli – Bateria
Faixas:
  1. Waiting for the Taking
  2. 49er
  3. Kick Down the Wall
  4. Born to Be Wild
  5. Narita
  6. Here We Come Again
  7. Do It Up
  8. Hot for Love
  9. White Rock
  10. Road Racin’

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Melhores de 2019: Por Daniel Benedetti

Embora o nome indique, esta não é uma lista de ‘melhores do ano’, mas sim de preferidos. Neste ano em que estreei nas páginas da Consultoria, foquei minha participação (principalmente no segundo semestre) em trazer álbuns de 2019 que me chamassem a atenção e alguns deles entraram para esta lista. Desta maneira, a lista somente se enfoca no gênero principal a que o site é dedicado, constituindo-se apenas em um convite aos leitores para que conheçam os álbuns.

Rival Sons – Feral Roots
O Rival Sons é, de longe, minha banda ‘nova’ preferida. ‘Nova’ entre aspas, pois eles já estão no 6º álbum de estúdio e sua evolução é permanente. Em Feral Roots, a evidente e manifesta influência do Led Zeppelin continua lá, mas envolta a outras grandes referências musicais, tais como o Soul, o Funk, o Gospel e até o Black Sabbath (ouça os riffs de “Too Bad”). E é neste caldeirão musical que Feral Roots se torna tão divertido e tão contemporâneo. Um discaço!

Tool – Fear Inoculum
Após um hiato de 13 anos, o Tool faz um retorno magistral com seu 5º álbum de estúdio, Fear Inoculum. Neste disco, a banda manda completamente às favas o imediatismo, a pressa e a superficialidade dos tempos atuais, apresentando um trabalho longo, profundo, lento e de absorção não imediata. Com faixas que normalmente ultrapassam os 10 minutos, o grupo mergulha no Progressivo, muitas vezes flertando com o Metal, oferecendo canções que fogem do trivial e abraçam o inesperado. Um disco intrigante e imperdível.

Opeth – In Cauda Venenum
Já fiz um post sobre este álbum aqui, de forma que não é necessário que me alongue demais. Em linhas gerais, o Opeth segue o caminho de abraçar o Rock Progressivo e In Cauda Venenum é uma evolução natural de seus trabalhos recentes. É um disco que merece ser contemplado calmamente, pois o sentir é parte necessária para uma experiência completa. Outro trabalho que merece a atenção do leitor.

Thank You Scientist – Terraformer
Outro álbum sobre o qual escrevi e o texto pode ser conferido aqui. É outro disco com fortes influências de Progressivo, onde outras diversas influências estão confluindo em suas canções – notadamente o Jazz. Melodias cativantes, muito dinamismo e alta competência técnica são convites para este ótimo álbum.

Bruce Springsteen – Western Stars
Com mais de quatro décadas de carreira e um sucesso inegável, chega a ser impressionante como Bruce Springsteen consegue ser consistente e relevante e, em seu 19º álbum de estúdio, continua capaz de comover e impressionar. Arranjos orquestrados ricos e envolventes são componentes essenciais de canções que surgem como páginas em branco para que histórias sejam contadas, muitas das vezes, evocando memórias da cultura hippie dos anos 60. Leve, sutil e emocionante!

Baroness – Gold & Grey
Mais uma das ótimas bandas atuais que segue fazendo trabalhos extremamente surpreendentes. Se em Gold & Grey o grupo não atinge o mesmo patamar do excelente Yellow & Green (2012), ainda assim a qualidade excepcional de suas composições e a imprevisibilidade dos caminhos sonoros escolhidos pelos músicos configuram uma musicalidade inquietante e desafiadora. Cada vez mais Prog e Alternativo – e menos Metal – a banda flerta bastante com o Jazz/Rock e com sonoridades acessíveis e palatáveis. O pecado: uma produção menos crua valorizaria bem mais as faixas e deixaria o ótimo Gold & Grey em uma posição mais alta nesta lista.

Stew – People
People é o álbum de estreia do power trio sueco Stew, e que apenas o conheci graças ao Test Drive do qual participei aqui na Consultoria. E a cada audição, o disco foi subindo no meu conceito. É um Hard Blues Rock repleto de alma, com composições fortes, riffs precisos, muita guitarra distorcida e solos efervescentes. Penso que o lendário Free é uma clara influência do conjunto, em um trabalho que sugere uma banda muito promissora.

Duel – Valley of Shadows
Outro álbum sobre o qual escrevi. Sem me alongar mais, este é o terceiro álbum do Duel, banda com dois ex-integrantes do Scorpion Child. Valley of Shadows traz o grupo fazendo um Stoner Metal contagiante, competente e empolgante. Nesta pegada Heavy/Hard retrô, o Duel se configura como um dos conjuntos mais cativantes devido à qualidade de suas composições.

Frank Carter & The Rattlesnakes – End of Suffering
Mais um trabalho sobre o qual comentei aqui. Em suma, terceiro álbum de estúdio do conjunto, End of Suffering é um disco denso e reflexivo, com uma musicalidade diversificada que abraça o Rock Alternativo, mas com toques efetivos de um Pop triste e melancólico.

Spirit Adrift – Divided by Darkness
Terceiro disco do grupo norte-americano Spirit Adrift, Divided by Darkness é um presente para ouvidos fãs de Heavy Metal tradicional – como eu. As guitarras são um grande destaque, especialmente nos riffs contagiantes e pegajosos, em músicas pesadas que jamais abrem mão das melodias. O Metallica é uma referência óbvia e até pitadas de Jazz são presentes neste ótimo álbum.

Direto do Forno: Opeth – In Cauda Venenum [2019]

Por Daniel Benedetti
Produzido por Stefan Boman e lançado pela Nuclear Blast, In Cauda Venenum é o décimo terceiro álbum de estúdio da banda sueca Opeth. Seu lançamento oficial aconteceu em 27 de setembro de 2019.
O disco foi gravado entre novembro de 2018 e janeiro de 2019, no Studio Park Studios, em Estocolmo, na Suécia, e é o primeiro trabalho de estúdio do grupo desde Sorceress, lançado em 2016. O novo álbum foi composto inteiramente pelo líder da banda, Mikael Åkerfeldt, e possui 10 músicas.
“Garden of Earthly Delights” é apenas uma introdução para o trabalho, fornecendo a atmosfera ideal para o que vai ser desenvolvido depois. “Dignity” mescla passagens suaves com outras bem furiosas, mas entrelaçadas por melodias cativantes. Com um frenético trabalho do baterista Martin Axenrot, “Heart in Hand” é uma das faixas mais pesadas do trabalho, com as guitarras em profusão, em uma áurea Rock muito intensa e de final ameno. A riqueza melódica de “Next of Kin” está na imprevisibilidade de seus caminhos, seja quando abraça o Metal, ou no momento em que soa suave e límpida.
A leveza e, ao mesmo tempo, profundidade sentimental de “Lovelorn Crime” impressiona, sendo carregada por vocais realmente brilhantes de Mikael Åkerfeldt. “Charlatan” até começa bem pesada, mas se deságua em um prog muito criativo, com destaques para o tecladista Joakim Svalberg e para o baterista Axenrot, em uma música imprevisível. Outra canção memorável é “Universal Truth”, unindo uma vibe Psicodélica, orquestrações e passagens mais intensas (e metálicas).
“The Garroter” é minha faixa favorita do disco, pois bebe na riquíssima fonte do Jazz, tornando-se viciantemente inconstante e, ao mesmo tempo, totalmente envolvente – fantástica! “Continuum” segue um pouco da energia de sua antecedente, mas mais voltada ao Rock, em uma performance assombrosa da seção rítmica – no melhor sentido. O disco é encerrado com “All Things Will Pass”, uma composição profundamente sensível, mesmo em seus momentos mais agressivos.
In Cauda Venenum já fez barulho em termos de paradas de sucesso, conquistando os 13º e 59º lugares das principais paradas, respectivamente, a britânica e a norte-americana. O álbum foi lançado em duas versões, uma em inglês e outra em sueco, com as mesmas faixas, variando somente na língua das letras.
Concluindo, In Cauda Venenum continua o caminho pelo qual o conjunto optou em Heritage (de 2011), ou seja, apostando no riquíssimo Rock Progressivo setentista e deixando para o passado seus anos de Death Metal. Deste modo, o mais novo álbum do grupo é uma evolução natural da ‘nova’ sonoridade da banda.
Não que o passado metálico do Opeth não esteja aqui: continuamente ele dá as caras nas composições, mas, agora, muito mais como um elemento constitutivo das músicas que como o estilo proposto. Por conseguinte, a aposta da banda fica clara na riqueza das melodias, na dinâmica das composições, na constante quebra de ritmos e na imprevisibilidade dos caminhos de suas músicas.
E é neste contexto que In Cauda Venenum se torna um forte concorrente a disco do ano!
Formação:
Mikael Åkerfeldt – Vocal e Guitarras
Fredrik Åkesson – Guitarras
Martin Axenrot – Bateria e Percussão
Martín Méndez – Baixo
Joakim Svalberg – Teclados
Faixas:
  1. Garden of Earthly Delights
  2. Dignity
  3. Heart in Hand
  4. Next of Kin
  5. Lovelorn Crime
  6. Charlatan
  7. Universal Truth
  8. The Garroter
  9. Continuum
  10. All Things Will Pass