segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Melhores de 2019: Por Daniel Benedetti

Embora o nome indique, esta não é uma lista de ‘melhores do ano’, mas sim de preferidos. Neste ano em que estreei nas páginas da Consultoria, foquei minha participação (principalmente no segundo semestre) em trazer álbuns de 2019 que me chamassem a atenção e alguns deles entraram para esta lista. Desta maneira, a lista somente se enfoca no gênero principal a que o site é dedicado, constituindo-se apenas em um convite aos leitores para que conheçam os álbuns.

Rival Sons – Feral Roots
O Rival Sons é, de longe, minha banda ‘nova’ preferida. ‘Nova’ entre aspas, pois eles já estão no 6º álbum de estúdio e sua evolução é permanente. Em Feral Roots, a evidente e manifesta influência do Led Zeppelin continua lá, mas envolta a outras grandes referências musicais, tais como o Soul, o Funk, o Gospel e até o Black Sabbath (ouça os riffs de “Too Bad”). E é neste caldeirão musical que Feral Roots se torna tão divertido e tão contemporâneo. Um discaço!

Tool – Fear Inoculum
Após um hiato de 13 anos, o Tool faz um retorno magistral com seu 5º álbum de estúdio, Fear Inoculum. Neste disco, a banda manda completamente às favas o imediatismo, a pressa e a superficialidade dos tempos atuais, apresentando um trabalho longo, profundo, lento e de absorção não imediata. Com faixas que normalmente ultrapassam os 10 minutos, o grupo mergulha no Progressivo, muitas vezes flertando com o Metal, oferecendo canções que fogem do trivial e abraçam o inesperado. Um disco intrigante e imperdível.

Opeth – In Cauda Venenum
Já fiz um post sobre este álbum aqui, de forma que não é necessário que me alongue demais. Em linhas gerais, o Opeth segue o caminho de abraçar o Rock Progressivo e In Cauda Venenum é uma evolução natural de seus trabalhos recentes. É um disco que merece ser contemplado calmamente, pois o sentir é parte necessária para uma experiência completa. Outro trabalho que merece a atenção do leitor.

Thank You Scientist – Terraformer
Outro álbum sobre o qual escrevi e o texto pode ser conferido aqui. É outro disco com fortes influências de Progressivo, onde outras diversas influências estão confluindo em suas canções – notadamente o Jazz. Melodias cativantes, muito dinamismo e alta competência técnica são convites para este ótimo álbum.

Bruce Springsteen – Western Stars
Com mais de quatro décadas de carreira e um sucesso inegável, chega a ser impressionante como Bruce Springsteen consegue ser consistente e relevante e, em seu 19º álbum de estúdio, continua capaz de comover e impressionar. Arranjos orquestrados ricos e envolventes são componentes essenciais de canções que surgem como páginas em branco para que histórias sejam contadas, muitas das vezes, evocando memórias da cultura hippie dos anos 60. Leve, sutil e emocionante!

Baroness – Gold & Grey
Mais uma das ótimas bandas atuais que segue fazendo trabalhos extremamente surpreendentes. Se em Gold & Grey o grupo não atinge o mesmo patamar do excelente Yellow & Green (2012), ainda assim a qualidade excepcional de suas composições e a imprevisibilidade dos caminhos sonoros escolhidos pelos músicos configuram uma musicalidade inquietante e desafiadora. Cada vez mais Prog e Alternativo – e menos Metal – a banda flerta bastante com o Jazz/Rock e com sonoridades acessíveis e palatáveis. O pecado: uma produção menos crua valorizaria bem mais as faixas e deixaria o ótimo Gold & Grey em uma posição mais alta nesta lista.

Stew – People
People é o álbum de estreia do power trio sueco Stew, e que apenas o conheci graças ao Test Drive do qual participei aqui na Consultoria. E a cada audição, o disco foi subindo no meu conceito. É um Hard Blues Rock repleto de alma, com composições fortes, riffs precisos, muita guitarra distorcida e solos efervescentes. Penso que o lendário Free é uma clara influência do conjunto, em um trabalho que sugere uma banda muito promissora.

Duel – Valley of Shadows
Outro álbum sobre o qual escrevi. Sem me alongar mais, este é o terceiro álbum do Duel, banda com dois ex-integrantes do Scorpion Child. Valley of Shadows traz o grupo fazendo um Stoner Metal contagiante, competente e empolgante. Nesta pegada Heavy/Hard retrô, o Duel se configura como um dos conjuntos mais cativantes devido à qualidade de suas composições.

Frank Carter & The Rattlesnakes – End of Suffering
Mais um trabalho sobre o qual comentei aqui. Em suma, terceiro álbum de estúdio do conjunto, End of Suffering é um disco denso e reflexivo, com uma musicalidade diversificada que abraça o Rock Alternativo, mas com toques efetivos de um Pop triste e melancólico.

Spirit Adrift – Divided by Darkness
Terceiro disco do grupo norte-americano Spirit Adrift, Divided by Darkness é um presente para ouvidos fãs de Heavy Metal tradicional – como eu. As guitarras são um grande destaque, especialmente nos riffs contagiantes e pegajosos, em músicas pesadas que jamais abrem mão das melodias. O Metallica é uma referência óbvia e até pitadas de Jazz são presentes neste ótimo álbum.

Direto do Forno: Opeth – In Cauda Venenum [2019]

Por Daniel Benedetti
Produzido por Stefan Boman e lançado pela Nuclear Blast, In Cauda Venenum é o décimo terceiro álbum de estúdio da banda sueca Opeth. Seu lançamento oficial aconteceu em 27 de setembro de 2019.
O disco foi gravado entre novembro de 2018 e janeiro de 2019, no Studio Park Studios, em Estocolmo, na Suécia, e é o primeiro trabalho de estúdio do grupo desde Sorceress, lançado em 2016. O novo álbum foi composto inteiramente pelo líder da banda, Mikael Åkerfeldt, e possui 10 músicas.
“Garden of Earthly Delights” é apenas uma introdução para o trabalho, fornecendo a atmosfera ideal para o que vai ser desenvolvido depois. “Dignity” mescla passagens suaves com outras bem furiosas, mas entrelaçadas por melodias cativantes. Com um frenético trabalho do baterista Martin Axenrot, “Heart in Hand” é uma das faixas mais pesadas do trabalho, com as guitarras em profusão, em uma áurea Rock muito intensa e de final ameno. A riqueza melódica de “Next of Kin” está na imprevisibilidade de seus caminhos, seja quando abraça o Metal, ou no momento em que soa suave e límpida.
A leveza e, ao mesmo tempo, profundidade sentimental de “Lovelorn Crime” impressiona, sendo carregada por vocais realmente brilhantes de Mikael Åkerfeldt. “Charlatan” até começa bem pesada, mas se deságua em um prog muito criativo, com destaques para o tecladista Joakim Svalberg e para o baterista Axenrot, em uma música imprevisível. Outra canção memorável é “Universal Truth”, unindo uma vibe Psicodélica, orquestrações e passagens mais intensas (e metálicas).
“The Garroter” é minha faixa favorita do disco, pois bebe na riquíssima fonte do Jazz, tornando-se viciantemente inconstante e, ao mesmo tempo, totalmente envolvente – fantástica! “Continuum” segue um pouco da energia de sua antecedente, mas mais voltada ao Rock, em uma performance assombrosa da seção rítmica – no melhor sentido. O disco é encerrado com “All Things Will Pass”, uma composição profundamente sensível, mesmo em seus momentos mais agressivos.
In Cauda Venenum já fez barulho em termos de paradas de sucesso, conquistando os 13º e 59º lugares das principais paradas, respectivamente, a britânica e a norte-americana. O álbum foi lançado em duas versões, uma em inglês e outra em sueco, com as mesmas faixas, variando somente na língua das letras.
Concluindo, In Cauda Venenum continua o caminho pelo qual o conjunto optou em Heritage (de 2011), ou seja, apostando no riquíssimo Rock Progressivo setentista e deixando para o passado seus anos de Death Metal. Deste modo, o mais novo álbum do grupo é uma evolução natural da ‘nova’ sonoridade da banda.
Não que o passado metálico do Opeth não esteja aqui: continuamente ele dá as caras nas composições, mas, agora, muito mais como um elemento constitutivo das músicas que como o estilo proposto. Por conseguinte, a aposta da banda fica clara na riqueza das melodias, na dinâmica das composições, na constante quebra de ritmos e na imprevisibilidade dos caminhos de suas músicas.
E é neste contexto que In Cauda Venenum se torna um forte concorrente a disco do ano!
Formação:
Mikael Åkerfeldt – Vocal e Guitarras
Fredrik Åkesson – Guitarras
Martin Axenrot – Bateria e Percussão
Martín Méndez – Baixo
Joakim Svalberg – Teclados
Faixas:
  1. Garden of Earthly Delights
  2. Dignity
  3. Heart in Hand
  4. Next of Kin
  5. Lovelorn Crime
  6. Charlatan
  7. Universal Truth
  8. The Garroter
  9. Continuum
  10. All Things Will Pass